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Cláudio Fonte candidatou-se ao prémio com o trabalho de investigação desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento realizada na FEUP

Cláudio Fonte, 31 anos, antigo estudante  da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) é o jovem investigador do ano na área de Mistura, segundo a European Federation of Chemical Engineering (EFCE). É a primeira vez que um investigador português recebe este galardão daquela prestigiada organização internaconal, que reúne 100 mil engenheiros químicos de toda a Europa e distingue anualmente os investigadores que tenham publicado trabalho de investigação inovador em praticamente todas as áreas de engenharia química. A U.Porto é a única universidade portuguesa representada no grupo de trabalho em Mistura da EFCE.

Cláudio Fonte candidatou-se ao prémio com o trabalho de investigação realizado no âmbito da tese de doutoramento realizada na FEUP.  Coordenado pelo professor José Carlos Lopes e Ricardo Santos do Laboratório Associado LSRE-LCM da Faculdade de Engenharia, o trabalho centrou-se no estudo computacional e experimental do processo de mistura por jatos opostos confinados. Cláudio Fonte explica: “trata-se de um processo que ocorre geralmente em peças de equipamento de pequenas dimensões para mistura em contínuo de dois ou mais líquidos de viscosidade elevada. Nesses equipamentos, que têm uma forma cilíndrica de dimensões da ordem do centímetro de diâmetro, os líquidos são inseridos a altos débitos sob a forma de jatos opostos. O impacto rápido entre as duas correntes promove a sua mistura. Este tipo de misturador é usado, por exemplo, na indústria de produção de peças plásticas através de injeção de polímeros reativos em moldes, em que uma mistura adequada das duas correntes de entrada tem de ser conseguida em apenas uma fração de segundo para evitar defeitos nas peças produzidas”.

Cláudio Fonte foi mais além. Neste trabalho agora distinguido pela EFCE não se limitou a compreender os mecanismos físicos que permitem a mistura neste tipo de equipamentos industriais: propôs uma equação de projeto para adequar condições de operação e design do equipamento às razões de densidades e viscosidades dos líquidos que se pretende misturar. Isto é de extrema importância para a indústria de polímeros onde o design de novas máquinas é feito atualmente por “tentativa e erro” através de um número extensivo de testes.

Atualmente a trabalhar em Lyon como investigador no IFP Energies Nouvelles, um organismo público francês de investigação e inovação com atividades nos domínios da energia, transportes e ambiente, Cláudio Fonte continua muito ligado ao universo da mecânica dos fluidos: “Recorro à modelização computacional para dimensionar, otimizar e compreender de um ponto de vista mais fundamental a operação de unidades piloto. Essas unidades são utilizadas em testes de catalisadores que utilizados em processos de refinação da indústria petroquímica ou de novas tecnologias energéticas”. A mudança para França é recente, mas considera um privilégio estar a trabalhar num país onde os efeitos da crise não se fazem sentir tanto como em Portugal. Voltar está fora de questão pelo menos a curto prazo. Diz que a qualidade na investigação é muito semelhante nos dois países mas reconhece que em França o ambiente de trabalho é mais informal: “não se dá tanta importância aos títulos académicos e há também uma separação forte entre o período de trabalho e o de lazer, incentivado pela própria instituição que propõe inúmeras atividades culturais e desportivas ao longo do ano”, revela Cláudio Fonte.

A entrega do prémio da EFCE está agendada para dia 30 de junho, em S. Petersburgo, na Rússia, integrada no jantar da XV Conferência Europeia sobre Mistura.