O investigador português João Teixeira, mestre em Genética Forense pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), foi recentemente distinguido pelo Australian Research Council (ARC) com uma Discovery Early Career Research Award (DECRA). Trata-se de uma das mais prestigiadas bolsas de investigação na Austrália, destinada a jovens cientistas (até cinco anos post-PhD). 

Com a duração de três anos e um valor base de 450 mil dólares, que poderá ascender a quase um milhão de dólares contando com apoios de instituições parcerias, a bolsa atribuída a João Teixeira pela será aplicada num estudo pioneiro no domínio da Genética Humana.

“O objetivo será liderar um consórcio internacional e estudar os encontros e miscigenação entre os designados homens modernos e arcaicos, aquando da chegada dos primeiros ao Sudeste Asiático e à Austrália”, conta o investigador, que irá vai integrar o grupo multidisciplinar Evolution of Cultural Diversity Initiative, na School of Culture, History and Language, da Australian National University. 

O projeto em que o antigo estudante da FCUP vai trabalhar visa fornecer uma compreensão detalhada “sobre os encontros extremamente complexos entre as populações humanas arcaicas e modernas na Ilha do Sudeste Asiático, na Nova Guiné e na Austrália durante o Pleistoceno”.

A partir deste estudo pretende-se também obter a “maior coleção de diversidade genética humana desta vasta região geográfica”, bem como “avançar significativamente o conhecimento atual sobre uma das questões mais intrigantes da evolução humana”, pode ler-se na descrição do projeto.

Sobre João Teixeira 

Licenciado em Biologia e mestre em Genética Forense pela Faculdade de Ciências da U.Porto, João Teixeira possui uma vasta experiência internacional de investigação em instituições científicas de referência mundial. Terminado o percurso na FCUP, rumou ao prestigiado Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, onde se doutorou em Genética Evolutiva.

Após terminar o  doutoramento, fez um pós-doutoramento no Instituto Pasteur (França) e mudou-se para o Centro Australiano de ADN Antigo, na Universidade de Adelaide, Austrália, onde a sua investigação se concentrou na evolução humana no Pleistoceno e na história genética da Europa e das Américas usando DNA antigo.

Atualmente ligado ao ARC Centre of Excellence for Australian Biodiversity and Heritage, o investigador continua dedicado a estudar os nossos antepassados. O seu trabalho combina genética populacional, DNA antigo, bioinformática, estatística e antropologia para estudar a origem e evolução da espécie humana.

João, que em 2019, revelou que os nossos antepassados acasalaram com pelo menos cinco grupos de humanos arcaicos quando se mudaram da África e passaram pela Eurásia, está particularmente interessado na evolução humana do Pleistoceno, adaptação da população humana às mudanças ambientais e migrações humanas históricas na Europa e nas Américas.