Filipa Pinto, Leonardo Machado e Henrique Lopes Cardoso: os três são antigos estudantes dos mestrados de Engenharia de Serviços e Gestão e Engenharia de Software da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e os cérebros por detrás do projeto Tabfund, uma extensão de browser que permite angariar fundos para projetos de investigação através de anúncios de produtos ou serviços.

Qualquer utilizador de Internet pode ajudar, sem qualquer custo ou esforço, ao instalar a extensão no browser que utiliza diariamente e abrindo novos separadores de páginas de Internet. A contabilização de cada abertura de página é feita em tempo real, sendo o utilizador impactado de imediato com publicidade de empresas e gerando, assim, fundos a serem doados posteriormente a projetos de investigação à escolha.

Para já, o foco é a investigação na área de saúde, com uma parceria já elaborada com o i3s – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto. O motivo prende-se com a necessidade de “acelerar o desenvolvimento de tratamentos, vacinas e prevenções no combate à pandemia”, razão essa que levou os alumni a apostar neste projeto em março de 2020, altura do primeiro confinamento a Portugal.

“Recém-formados em áreas de tecnologia e a começar nos nossos primeiros empregos, decidimos arriscar. Tendo já trabalhado em centros de investigação, tínhamos a clara perceção de que a investigação requer a utilização de materiais caros e que a escassez de fundos muitas vezes impede projetos de seguirem para a frente. E situações de crise, como a que vivemos atualmente, evidenciam cada vez mais a importância que a investigação científica tem na nossa sociedade.”, explica Filipa Pinto, cofundadora do Tabfund e atual Gestora de Produto na E-goi.

O processo de seleção dos projetos a serem financiados passa por uma procura e análise, por parte da equipa do Tabfund, do que está a ser feito em vários centros de investigação. Já os utilizadores poderão, num futuro próximo, escolher quantos separadores pretendem doar a cada projeto de investigação nas áreas de Saúde, Novas Tecnologias e Ambiente.

Como todas as plataformas que estejam conectadas à utilização da Internet por parte de utilizadores, há sempre ressalvas de segurança a ter em conta. Os fundadores da extensão garantem que não existe qualquer tipo de recolha de dados pessoais de utilizadores, quer de acessos ou de navegação no browser, a não ser os que são fornecidos durante a criação de conta (e-mail e nome). Ainda assim, é possível permanecer com uma sessão anónima, fazendo a doação de igual forma através da abertura de novos separadores.

Conhecimentos partilhados em prol do futuro

É na multidisciplinaridade de saberes da equipa de criadores que a plataforma se apoia e evolui. Os conhecimentos dos três alumni complementam-se, estando Filipa mais ligada à comunicação e gestão de serviços, que pôde consolidar no mestrado na FEUP, e Henrique e Leonardo mais ligados à informática, nas áreas de frontend e backend, respetivamente.

Equipa de fundadores do Tabfund. (Foto: DR)

Já com muitas horas de trabalho pós-laboral na bagagem, os fundadores do Tabfund admitem que as próximas funcionalidades já se encontram bem planeadas. O foco primordial futuro é o aumento dos utilizadores na plataforma e a consolidação de mais parcerias com empresas que queiram publicitar os seus produtos e serviços, sem recorrerem a intermediários.

Mas, para além dos objetivos de negócio, há um propósito maior e a razão da verdadeira dedicação dos alumni. “É preciso dar a conhecer o mundo da investigação – os cientistas, os investigadores e os projetos. É necessário mostrar os motivos pelos quais queremos que o Tabfund cresça, mostrando transparência e passando confiança a quem nos escolhe”, conclui Filipa Pinto.