Da esq. para a dir.: Sandro Vale, Luís Azevedo, Miguel Rodas, Tiago Sá, Ricardo Neves e Flávio Ferreira (foto: DR)

Seis antigos estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), muita motivação e trabalho para desenvolver uma ideia de um novo produto ligado à agricultura. Foram estes os ingredientes que resultaram numa receita de sucesso: a WiseNetworks.

Sandro Vale, Luís Azevedo, Miguel Rodas, Tiago Sá, Ricardo Neves e Flávio Ferreira são os seis alumni do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores responsáveis pela criação e desenvolvimento desta empresa, uma startup incubada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), fundada há pouco mais de um ano.

Enquanto equipa, os seis colegas já trabalhavam há cerca de dois anos. “Tudo começou numa unidade curricular na FEUP onde tivemos contacto com uma tecnologia de características semelhantes à que estamos a utilizar. A partir daí, muito informalmente, mas sempre com muita motivação, fomos continuamente pensando em maneiras de melhorar essa tecnologia e fomos equacionando as suas possíveis aplicações. Basicamente, queríamos transformar uma ideia de tecnologia num produto”, refere Miguel Rodas. Foi assim que, há aproximadamente um ano, conseguiram colocar as ideias em prática e avançar para a constituição de uma startup e para a pré-incubação no UPTEC. A partir deste momento decisivo iniciou-se o desenvolvimento do produto e do modelo de negócio.

A missão da WiseNetworks é clara: desenvolver sistemas integrados de monitorização distribuída, computação da informação e atuação remota em plantações agrícolas. E como é possível prosseguir com esta missão? A resposta está no facto de todas as grandezas medidas e toda a informação gerada pelo sistema ficarem disponibilizadas numa plataforma online, permitindo definir ações (rega e outras) e configurar vários tipos de alertas automáticos para o produtor agrícola.

A informação gerada tem por base várias medições (atmosféricas, de crescimento da planta, etc.) e torna-se essencial para a gestão e operação da plantação. Por exemplo, é possível controlar autonomamente a rega de uma plantação consoante as necessidades de rega aferidas, ou ainda prever possíveis doenças e pragas nas culturas agrícolas. O sistema da WiseNetworks permite assim que o agricultor maximize a sua produção, reduzindo os custos de operação (menos deslocações à plantação; menores prejuízos – ou mesmo nulos – com pragas e doenças; maior economia no uso de água e de fertilizante, entre outros).

Ao longo dos últimos meses a startup tem recebido contactos de múltiplos produtores interessados em testar e validar este produto. O primeiro semestre de 2014 está assim apontado para se efetuar vários testes piloto com clientes e ajustar o sistema até reunir todas as condições para entrar em força no mercado.

Não satisfeitos com uma presença apenas restringida ao mercado nacional, a WiseNetworks já prepara a sua internacionalização. Aliás, dois dos alumni aterraram no Chile no final do mês de novembro graças a um programa patrocinado pelo governo chileno denominado StartUP Chile. Este programa elegeu 85 startups de todo o mundo, sendo a WiseNetworks a única empresa portuguesa seleccionada. Ao abrigo deste programa a empresa conseguiu um financiamento de 40 mil dólares.

A ambição dos jovens não termina por aqui. Acreditam que os países vizinhos do Chile podem vir a ser um ótimo mercado em termos de agricultura, e em particular de vitivinicultura, o que torna o StartUP Chile ainda mais proveitoso. “Esperamos com a nossa presença no Chile conseguir alargar a nossa rede de contactos na América do Sul, fazer prospeção de mercado e estabelecer relações com potenciais clientes; o nosso objetivo número um a médio prazo passa portanto por expandir a WiseNetworks para o mercado chileno e possivelmente para os restantes países da América Latina”, confessa Miguel.

A Agricultura apresenta um crescimento sustentado e o mercado agroalimentar tem vindo a impor-se a nível mundial. Particularmente em Portugal e na Europa tem sido dada uma grande atenção a este setor, seja por parte dos investidores e produtores, quer também da parte dos governos e da própria Comissão Europeia. Todos estes indicadores tornam o mercado da WiseNetworks num mercado global. Aliás, o próprio sistema foi criado de forma a permitir uma rápida adaptabilidade para vários tipos de plantação. Neste momento está especializado nas vinhas e nos frutos vermelhos, mas poderá servir outros tipos de plantação, assim que este segmento de mercado estiver bem trabalhado.

A formação adquirida na FEUP foi, sem dúvida, um grande motor para a equipa conseguir tão bons resultados. Enquanto engenheiros eletrotécnicos, estão intrinsecamente predispostos ao desenvolvimento de produtos que tenham uma forte componente tecnológica e potencial de inovação. Além disso, durante o seu percurso académico, houve uma parte importante de gestão de projetos que se tem revelado fundamental. Finalmente, e não menos importante, os seis alumni consideram que o corpo docente da FEUP os dotou de excelentes competências de problem solving, o que os tem ajudado a vencer os muitos desafios inerentes ao desenvolvimento de uma empresa.