As antigas estudantes da Universidade do Porto Mariana Martins de Carvalho, na categoria de Doutoramento, e Mónica Corga, na categoria de Mestrado, são as vencedoras do Prémio Eduardo da Cunha Serrão 2023, atribuído pela Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP).

Mariana Martins de Carvalho, investigadora do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da U.Porto (CEAU/FAUP), venceu, por unanimidade, o Prémio na categoria de Doutoramento com a tese “Desenhar a Ruína: registo, interpretação e comunicação. O exemplo da cidade romana de Ebora“, desenvolvida no Programa de Doutoramento em Arquitetura da FAUP.

A investigação premiada “centra-se essencialmente no modo como o conhecimento da arquitetura e o instrumento do desenho podem contribuir para a análise, interpretação e reconstituição do vestígio arqueológico; assumindo um olhar transdisciplinar que procura fomentar o cruzamento entre estas áreas de conhecimento”.

Para a investigadora, reveste-se de especial importância que “este trabalho, que partiu do domínio da arquitetura, tenha sido reconhecido por tão relevante instituição no campo da arqueologia”. A tese teve como orientadoras Maria Pilar Miguel dos Reis e Marta Oliveira, respetivamente Investigadora do CEAU/FAUP e Professora Jubilada da FAUP.

Licenciada (2004) e Mestre (2011) em Arquitetura pela FAUP e licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da U.Porto (2011), Mariana Martins de Carvalho completou em 2022 o Programa de Doutoramento em Arquitetura (PDA) da FAUP, opção de estudos em Património Arquitetónico.

Atualmente, é colaboradora do CEAU/FAUP e investigadora no ProChild CoLAB, onde integra uma equipa multidisciplinar. Desenvolve, na sua prática interdisciplinar, desenhos de interpretação e reconstituição arqueológica, em colaboração com arqueólogos, historiadores e arquitetos.

Mariana Martins de Carvalho venceu o Prémio Eduardo da Cunha Serrão 2023 na categoria de Doutoramento. (Foto: DR)

Os segredos da morte

Na categoria de Mestrado, o Prémio Eduardo da Cunha Serrão foi atribuído à arqueóloga Mónica Corga com a dissertação “Os Vivos depois da Morte uma abordagem à gestão mortuária dos Tholoi 1 e 2 da Horta do João da Moura 1 (Ferreira do Alentejo) durante o 3º milénio AC”, realizada no âmbito do Mestrado em Arqueologia da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP).

Desenvolvido sob orientação de Sérgio Emanuel Monteiro-Rodrigues, “este estudo da necrópole da Horta do João da Moura 1 revelou”, segundo a autora, “a diversidade, complexidade e evidente formalização cenográfica da gestão social da morte no 3º mil. AC, contribuindo também com novos dados radiocronométricos e uma demonstração objetiva das relações do Porto Torrão com a Subbética, a Estremadura portuguesa e o centro-norte peninsular”.

Licenciada em História (variante de Arqueologia) pela FLUP, Mónica Corga é diretora técnica da área de Arqueologia do grupo Dryas Arqueologia. Com vasta experiência no estudo dos modos de vida das populações Neo-calcolíticas do ocidente peninsular, acumula a experiência de múltiplas direções de projetos de Arqueologia de salvamento, que têm contribuído para a compreensão de várias problemáticas e épocas da história antiga, medieval e moderna de Portugal.

Entre os seus trabalhos mais recentes destacam-se as escavações dos sítios da Horta do João da Moura (Ferreira do Alentejo, Pré-história recente), trabalho do qual resultou a sua tese de mestrado. Mónia Corga esteve também envolvida nas escavações do Convento de São Francisco (Coimbra), considerado um documento fundamental para o estudo das convulsões político-militares do início do séc. XIX na cidade de Coimbra.

Mónica Corga venceu o Prémio Eduardo da Cunha Serrão 2023 na categoria de Mestrado. (Foto: DR)

Sobre o Prémio Eduardo da Cunha Serrão

O Prémio Eduardo da Cunha Serrão é atribuído anualmente pela Associação dos Arqueólogos Portugueses e distingue teses e dissertações de Doutoramento e Mestrado apresentadas no ano anterior a cada edição do prémio, ou obras inéditas, que incidam sobre a Arqueologia do nosso país.

O júri desta edição foi presidido por José Morais Arnaud, Presidente da Direcção da Associação dos Arqueólogos Portugueses, e composto por Andrea Martins e Luís Raposo, membros da Direcção, e José d’Encarnação e Vitor Oliveira Jorge, na qualidade de especialistas convidados.

Para além das duas antigas estudantes da U.Porto, o júri atribuiu, ainda, na categoria “Doutoramento”, duas menções especiais às teses “Monte dos Castelinhos e as dinâmicas da conquista romana da Península de Lisboa e Baixo Tejo”, de João Pimenta, e “Boa Vista 1: estudo arqueológico de um navio na Lisboa Ribeirinha (séc. XVII-XVIII)”, de Gonçalo Correia Lopes.

A Cerimónia de Entrega da 8.ª edição do Prémio Eduardo da Cunha Serrão terá lugar no auditório do Museu Arqueológico do Carmo, no dia 26 de maio, às 17h30.