“A falta de alojamento a preços comportáveis é um dos maiores problemas socioeconómicos dos estudantes do ensino superior”. Foi com base nesta premissa que o Reitor da Universidade anunciou, durante as celebrações do Dia da Universidade 2022, um plano ambicioso que prevê a abertura de 800 novas camas para estudantes, através do lançamento de três novas residências e da “melhoria das condições de habitabilidade das residências estudantis” existentes.

“Para uma resposta a médio e longo prazo, apresentámos manifestações de interesse no âmbito do PRR [Plano de Resiliência e de Recuperação) para a construção de três novas residências, que representam cerca de 400 novas camas”, anunciou António de Sousa Pereira.

Uma das residências ficará instalada na Viela da Carvalhosa, em Cedofeita, e terá capacidade para 54 camas. As outras duas novas unidades de alojamento vão ser instaladas em terrenos da U.Porto na Boa Hora e no polo da Asprela, e devem possibilitar a disponibilização de mais de 350 camas destinadas, sobretudo, a estudantes a estudantes integrados no sistema de ação social do ensino superior.

A instalar no edifício ocupado atualmente pela sede do Centro de Desporto da U.Porto (CDUP-UP) e por algumas salas de aulas da Faculdade de Belas Artes (FBAUP), a futura Residência da Boa Hora vai ter 151 camas, distribuídas por 141 quartos. Um número que permitirá quadruplicar a oferta de alojamento no Polo I (Centro) da U. Porto, atualmente limitado a 50 camas na Residência Aníbal Cunha e na Residência Bandeirinha.

Ainda mais ambicioso é o projeto da Residência da Asprela, que vai nascer nos terrenos situados junto à Faculdade de Desporto. Com um total de 206 camas, distribuídas por uma área  de 5.000 m2, esta residência vai duplicar a oferta de alojamento existente no maior Pólo da U.Porto, servido atualmente por duas residências  (Paranhos e Jayme Rios de Souza) equipadas com 236 camas.

A futura Residência da Asprela vai situar-se a poente do complexo da FADEUP e em frente à Galeria Comercial do Campus de S. João. (Foto: DR)

De mãos dadas com a autarquia

Aos três projetos liderados pela U.Porto acresce ainda a parceria que junta a Universidade e o Município do Porto, com vista à “construção de duas novas residências no Quartel do Monte Pedral e no Morro da Sé”, no que representará um reforço de 410 camas.

A futura residência do Morro da Sé, a instalar no Quarteirão da Bainharia, próximo do Terreiro da Sé, terá 120 quartos equipados com 210 camas. Já o projeto da residência do Monte Pedral (junto às ruas da Constituição, Serpa Pinto e Egas Moniz) prevê a instalação de 200 camas, distribuídas por 123 quartos.

Em curso está igualmente “um projeto inovador em que colaboraremos com a FAP e com a Câmara para a instalação de uma residência adicional no antigo Centro Social da Sé [Rua da Bainharia], a ser gerida pela FAP, em instalações cedidas pela autarquias”.

No seu conjunto, “estes empreendimentos exigem um investimento de quase 45 milhões de euros, esperando-se que o PRR possa financiar cerca de dois terços”, perspetiva o Reitor.

Entre os projetos em curso inclui-se ainda “a requalificação das residências Alberto Amaral, Novais Barbosa, Campo Alegre I, Jayme Rios de Sousa e Ciências, num valor global de 3 milhões de euros”.

Dar resposta a quem mais precisa

A concretizar-se nos moldes em que estão planeados, estes projetos vão elevar para mais de 2000 o número de camas disponíveis nas residências geridas pela U.Porto. Uma oferta que permitirá, por sua vez, dar resposta a todos os estudantes atualmente deslocados, apoiados no âmbito da ação social.

Atualmente, a Universidade do Porto disponibiliza, através dos seus Serviços de Ação Social (SASUP), nove residências universitárias, dispersas pelos três polos, com capacidade para acolher cerca de 1200 estudantes.

Entre os destinatários das residências incluem-se sobretudo estudantes de licenciatura, mestrado ou mestrado integrado que, pelas suas condições socioeconómicas, distância ou dificuldade de transporte, não possam residir com o agregado familiar e necessitem de alojamento para prosseguir os seus estudos.

O Porto a dar “um bom exemplo a Portugal”

O plano em marcha deu um novo passo esta quinta-feira, com a assinatura do protocolo que visa a abertura da residência na Rua da Bainharia, na Sé.

Equipada com 20 camas e com inauguração prevista para o no início do próximo ano letivo, esta nova residência – que junta a Câmara do Porto e a FAP, com a colaboração da U.Porto – constitui “um projeto muito importante para experimentar um novo modelo de governação que pode ser estendido a residências de maior dimensão”, conforme destacou o Reitor da U.Porto durante uma visita à futura residência universitária, realizada em finais de janeiro.

A cerimónia desta quinta-feira foi apadrinhada pelo Presidente da República, que não poupou elogios ao que definiu como “um passo decisivo” na resposta ao problema do alojamento estudantil. “Uma vez mais, o Porto deu um bom exemplo a Portugal”, vincou Marcelo Rebelo de Sousa.

Já Ana Gabriela Cabilhas, presidente da FAP e estudante da Universidade do Porto, sintetizou o momento com uma frase significativa: “O sonho começa agora a ganhar forma…”.