Aires Pinheiro vai entremear a palavra com as cordas da guitarra, ou seja, este vai ser um “concerto falado”. Do programa de mais um concerto inserido no ciclo Música na Cidade vão fazer parte obras de José Duarte Costa (1921-2004) que dedicou a vida ao estudo, divulgação e ensino da Guitarra Clássica.  Dia 21 de setembro, às 21h30, é só chegar a tempo de escolher o melhor lugar no auditório da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto. A entrada, como sempre é livre.

Do programa, e abrangendo um arco temporal de várias décadas de obra de José Duarte Costa (de 1948 a 1981), Aires Pinheiro vai executar: Abalada; Sonho de Amor “Nocturno”; Procissão; Ansiedade “Momento Musical”; Sintra “Abertura”; Balada do Trovador; Balada da Solidão; Balada Celestial; Balada do Sonhador; Chula “Dança do Norte – original para guitarra”; Fantasia Oriental II “Chino-Árabe” r Marcha Militar II.

Foi aos catorze anos que Aires Pinheiro se dedicou ao estudo da guitarra como autodidata. Estudou na Academia de Música de S. Pio X de Vila do Conde, concluindo o Curso Complementar de Guitarra com vinte valores. Obteve o 1.º Prémio do Concurso Nacional de Guitarra – Legato, em 1999. Em 2012 publicou, pela editora AVA, um livro de caráter pedagógico, intitulado Iniciação à Guitarra,

Licenciou-se em Guitarra pela Escola Superior de Música e das Artes Espetáculo (ESMAE) e obteve o grau de Mestre em Ensino da Música – especialidade de Guitarra, pela Universidade de Aveiro, onde frequenta o Doutoramento em Música – Área de Estudos em Performance e prepara uma tese sobre José Duarte Costa.

Aires Pinheiro é diretor artístico da Semana Internacional de Música Erudita de Vila do Conde e do Sextas às Sete, ciclo de Concertos Didáticos, é diretor pedagógico do Conservatório de Música de Vila do Conde e integra o corpo docente do Conservatório Bomfim de Braga. Orienta masterclasses, realiza conferências sobre temáticas relacionadas com a guitarra e integra júris de concursos nacionais e internacionais.

Sobre José Duarte Costa

Nasceu em Lisboa em 1921 e aos 16 anos iniciou a aprendizagem de solfejo. Um dia, enquanto tocava guitarra numa casa de música na zona do Beato, alguém criticou a sua forma de tocar. Essa pessoa foi José Mendonça Braga, médico alentejano, intelectual e apaixonado pela guitarra. Duarte Costa quis aprender e é este episódio que vai influenciar o seu reportório erudito, revelando-lhe o melhor que até então era publicado pela casa Schott alemã. Em 1947 integrou no Conservatório Nacional de Lisboa e no ano seguinte obteve o 1º Prémio do concurso para instrumentistas organizado pela Emissora nacional.

Em 1949, recebe uma bolsa de estudo do Instituto de Alta Cultura para estudar em Espanha e, em 1950, quando regressa, compõe aquela que é talvez a primeira obra concertante portuguesa – a Suite Festa Portuguesa para guitarra e orquestra, composta em cinco andamentos, aos quais chama de quadros, e onde explora as raízes musicais.

Fundou em 1953 a Escola de Guitarra Duarte Costa, determinante para a divulgação e evolução da Guitarra Clássica em Portugal. Implementou o próprio Método para o ensino do instrumento, formando a primeira geração de grandes guitarristas e dedicou-se também à composição, produzindo mais de duas centenas de obras. Para suprir a falta de instrumentos de qualidade, fundou ainda uma fábrica de guitarras na cidade de Coimbra.

Como intérprete, compositor, pedagogo e empreendedor deu um contributo fundamental para reconhecimento da guitarra como instrumento de música erudita.