Um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) demonstrou que níveis elevados de cobre podem induzir senescência (processo natural de envelhecimento) prematura em células precursoras dos adipócitos – os pré-adipócitos -, associadas à obesidade. Os resultados foram publicados na revista científica Biochimica et Biophysica Acta (BBA) – Molecular Cell Research, tendo como autora principal Alexandra Gouveia, professora da FMUP.

Neste trabalho, intitulado “High copper levels induce premature senescence in 3T3-L1 preadipocytes”, os investigadores desenvolveram um novo modelo “in vitro” que permite mimetizar o envelhecimento precoce e acelerado que ocorre no tecido adiposo numa situação de obesidade.

Este modelo usa concentrações mais elevadas, mas subtóxicas, de cobre, simulando o que acontece no envelhecimento e na obesidade, em que há uma alteração na capacidade de absorção do cobre pelo organismo, aumentando os seus níveis no sangue e no tecido adiposo, o que contribui para a disfuncionalidade e para o envelhecimento das células.

Como explica Alexandra Gouveia, “a obesidade equivale a um envelhecimento acelerado e prematuro do tecido adiposo, que passa a acumular mais células senescentes. Estas células são maiores e mais alargadas, não apresentam capacidade de divisão/replicação, embora não estejam mortas, e libertam várias substâncias, nomeadamente moléculas pró-inflamatórias, que comprometem a função do tecido adiposo”.

“Uma vez que o tecido adiposo comunica com muitos outros órgãos, ao combater a sua disfuncionalidade poderemos prevenir várias doenças” explica a professora da FMUP, lembrando que a obesidade está associada a uma série de patologias, como diabetes, doenças cardiovasculares e cancro.

Ao mimetizar o envelhecimento precoce do tecido adiposo presente na obesidade, um dos objetivos destes investigadores é encontrar novos alvos terapêuticos e fármacos que consigam diminuir a acumulação de células senescentes e, assim, reverter a disfuncionalidade do tecido adiposo envelhecido prematuramente.

Além de Alexandra Gouveia, este trabalho tem também como autores Ricardo Oliveira, Maria Salazar, Liliana Matos, Henrique Almeida e Adriana Rodrigues, professores e investigadores da FMUP e do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde.