O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), que conta com equipas no Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), na Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi distinguido com a única menção honrosa atribuída no âmbito do Prémio de Inovação em Ciências e Tecnologias Espaciais 2025, promovido pela Agência Espacial Portuguesa (PT Space).
Esta distinção premeia o envolvimento das equipa do IA – e, em particular, do IA/.Porto – no projeto ESPRESSO (Echelle SPectrograph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations), um espectrógrafo de alta resolução, instalado no Observatório do Paranal do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile.
Este instrumento de ponta é alimentado pelos quatro telescópios de 8,2 metros que compõem o Very Large Telescope (VLT), tendo Portugal contribuído com a construção dos Coudé Train, a infraestrutura que liga os telescópios ao espectrógrafo.
Considerado um marco no desenvolvimento da instrumentação astronómica, o ESPRESSO foi concebido com o objetivo científico de, entre outros, detetar e caracterizar exoplanetas semelhantes à Terra. A sua elevada precisão na medição de velocidades radiais torna-o uma ferramenta essencial na busca por mundos potencialmente habitáveis fora do nosso Sistema Solar.
Exemplos de resultados científicos liderados pela comunidade portuguesa (através do IA) incluem a deteção de um planeta terrestre quente com metade da massa de Vénus a transitar uma estrela próxima ou a deteção de um planeta com a menor massa medido até hoje usando velocidades radiais em torno de Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol.
A deteção de atmosferas de exoplanetas foi também um marco importante na história do ESPRESSO, com descobertas pioneiras lideradas pelo IA, incluindo a surpreendente deteção de elementos como o bário e o ferro na atmosfera do exoplaneta WASP-76b.
Investigadores do IA também usaram o ESPRESSO noutras áreas, como a asterossismologia, permitindo a deteção das mais pequenas oscilações numa estrela ou a cosmologia, para medir com alta resolução a constante de estrutura fina.

Distinção reconhece o papel de Portugal, e em particular do IA, no avanço da investigação espacial a nível internacional. (Foto: DR)
Primeiro prémio veio para a UPTEC
O Prémio de Inovação em Ciências e Tecnologias Espaciais 2025 foi atribuído ao projeto GAMA LINK, liderado pela Tekever, uma empresa instalada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto,
Poucos dias depois de ver confirmado o estatuto de sétima empresa “unicórnio” portuguesa, a empresa fundada e liderada por Ricardo Mendes recebe assim novo reconhecimento pelo trabalho que vem desenvolvendo há mais de duas décadas, ao nível do desenvolvimento de tecnologias inovadoras para o mercado aeroespacial, de defesa e de segurança.
Com operações em seis países europeus e uma equipa de mais de 1.000 pessoas, a Tekever conta, atualmente, com centros de engenharia no Reino Unido, Portugal e França, instalações de produção em vários mercados europeus e equipas de apoio operacional em toda a Europa.
Os seus sistemas são utilizados em missões pela Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) e por várias marinhas e forças armadas europeias, além do apoio operacional direto prestado à Ucrânia.

Ricardo Mendes é o co-fundador e CEO da empresa fundada em 2001 e que tem unidades espalhadas por seis países europeus. (Foto: TEKEVER)
A entrega do Prémio de Inovação em Ciências e Tecnologias Espaciais 2025 teve lugar durante a 8.ª edição da New Space Atlantic Summit, que decorreu nos dias 13 e 14 de maio, na Central Tejo, em Lisboa.
A cerimónia contou com a presença da Secretária de Estado da Ciência, Ana Paiva, do presidente da PT Space, Ricardo Conde, do presidente do júri do galardão, José Manuel Mendonça (INESC TEC) e do coordenador do IA, Manuel Abreu.