“Ana Hatherly: vanguarda, experimentalismo e subversão” é o mote do próximo encontro de poesia do Colectivo de Poesia – Poetas a várias vozes, agendado para o próximo dia 20 de maio, terça-feira, a partir das 21h30, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto.
Vanguarda, experimentalismo e subversão são os três conceitos que funcionarão de “plataforma giratória de ideias” em torno do trabalho desta professora, escritora e artista plástica multifacetada com formação em cinema, pela London Film School.
Nascida no Porto, a 8 de maio de 1929, Ana Hatherly (1929-2015) distinguiu-se no panorama cultural português, na década que antecedeu o 25 de Abril de 1974, assim como nos anos subsequentes. Inicia, ainda nos anos 1960, um percurso artístico que a levou a concluir que a escrita é (“nunca foi senão”) representação: imagem. A sua pesquisa prossegue em torno da caligrafia (da contemporânea à ancestral) e dos signos, desenvolvendo o que viria a ser designado por “escrita-imagem”.
Integrou o Grupo Experimentalista Português, participou em várias exposições e tornou-se uma das figuras centrais do “experimentalismo poético”, movimento caracterizado pela inovação e pela busca de novas formas de expressão na poesia. Tendência que, na segunda metade do século XX, se tornaria mais abrangente e transversal a outra áreas como a música, a pintura, o teatro e o cinema experimentais.
O lado mais visível deste experimentalismo reside, precisamente, naquilo que se designa por Poesia Visual: o poema como um “objecto-acto”. Ou “a verdadeira mão que o poeta estende / E quando o poema é bom / não te aperta a mão: / aperta-te a garganta. Um exercício através do qual ” O poeta desaparece / na verdade da sua ausência / dissolve-se no biombo da escrita”. Versos onde Ana Hatherly revela uma das dimensões mais significativas da sua condição de artista multifacetada: a de artífice da palavra.
Sobre as reações a este processo criativo a artista considerava que “a postura subversiva dos Experimentalistas”, que pela “novidade e virulência” era “diferente da insubordinação surrealista e da militância neo-realista”, tinha originado “uma onda de rejeição por parte dos mandarins das letras então instalados no nosso meio literário”. Quem seriam então os seus “companheiros”, aqueles com quem comunga formas de interpretar e interagir com a realidade? Ana Hatherly nomeia Rainer Maria Rilke e Fernando Pessoa como seus “anjos tutelares”.
Ideias para comungar no próximo dia 20 de maio, terceira terça-feira do mês, na Casa Comum, na companhia do Colectivo de Poesia – Poetas a várias vozes.
A entrada é livre.