São quatro filmes que marcaram a evolução e fixaram o caráter identitário do mestre do suspense e vão “passar”, de 16 de maio e 6 de junho, sempre às 18h30, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto, no âmbito do ciclo Alfred Hitchcock: In the Beginning.

Existe aquele momento primordial. Reconhecido depois como portador de um cunho identitário absolutamente inconfundível. É nesse vinco da história que vamos fixar o olhar.

Considerado um dos mais influentes realizadores da história do cinema, Alfred Hitchcock (1899–1980) construiu uma obra marcada por uma abordagem psicológica de suspense, com um rigoroso domínio técnico e um estilo visual inconfundível. De Psycho a Rear Window, Vertigo ou North by Northwest, Hitchcock realizou mais de 50 filmes ao longo de cinco décadas, sendo que muitos deles se tornaram clássicos do cinema.

Apesar de nunca ter vencido um Óscar de Melhor Realizador, foi nomeado cinco vezes e recebeu, em 1968, o Irving G. Thalberg Memorial Award, um prémio honorário da Academia. Com um impacto incontornável, a sua forma de fazer cinema influenciou, e continua a influenciar, gerações de cineastas.

A sua primeira longa-metragem, The Pleasure Garden (1925), foi filmada parcialmente na Alemanha com apoio dos estúdios UFA, num contexto de coprodução internacional e num momento em que o jovem realizador ainda ganhava experiência como argumentista e assistente de realização. O filme revelou desde logo o interesse de Hitchcock por temas como o voyeurismo, o desejo e a dualidade moral — marcas que vão atravessar toda a sua carreira.

Quatro filmes em cartaz

É, precisamente, com este filme sobre ambição, ciúme e as armadilhas da ambição social que, a 16 de maio, se dá início ao ciclo Alfred Hitchcock: In the Beginning.

A programação segue a 23 de maio com The Lodger (1927), inspirado na figura de Jack, o Estripador. O inquilino de uma pensão (Ivor Novello) torna-se suspeito de uma série de assassinatos, criando uma sensação de paranoia e suspense no ambiente nebuloso da cidade de Londres. É considerado ser o primeiro filme onde Hitchcock estabelece a sua assinatura temática e estética, com o motivo recorrente do “inocente perseguido”.

“The 39 Steps” (1935), de Alfred Hitchcok, vai passar dia 6 de junho, na Casa Comum. (Foto: DR)

A 30 de maio, será exibido Blackmail (1929), o primeiro filme sonoro do realizador. Neste trabalho, a introdução da palavra falada — ainda em transição do cinema mudo —  surge-nos de forma criativa, com o objetivo de potenciar o suspense e explorar o trauma da protagonista. Este thriller (sobre uma mulher que esfaqueia um artista e depois é chantageada) inaugura a “tradição” de Hitchcock de usar marcos famosos como pano de fundo para sequências de suspense. É o caso de uma cabine telefónica utilizada para atividades criminosas, assim como uma cena de ação que decorre na cúpula do Museu Britânico. O filme já explora a utilização do som para criar a sensação de suspense.

O ciclo termina a 6 de junho com The 39 Steps (1935), obra que solidificou a fama de Hitchcock junto do público britânico e internacional. O filme articula mistério, humor e romance, e introduz dois elementos icónicos da sua filmografia: a figura da “loira hitchcockiana” (aqui representada por Madeleine Carroll) e o “MacGuffin”, um elemento narrativo de motivação, ou um objeto de desejo que impulsiona a narrativa e que raramente é o que parece.

O ciclo Alfred Hitchcock: In the Beginning é promovido pela Casa Comum e pela Associação Luso-Britânica do Porto, com curadoria do Departamento de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP).

Todas as sessões têm início às 18h30 e são antecedidas por uma breve contextualização a cargo de Mark Poole, professor da da FLUP e especialista em estudos cinematográficos e literatura britânica.

A entrada é gratuita, ainda que sujeita à lotação da sala.

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