O Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto é o palco escolhido para a estreia mundial de Princesa Yaegaki, um espetáculo que une as tradições do bunraku japonês e do teatro de marionetas português, uma colaboração entre a companhia japonesa Otome Bunraku e o Teatro de Marionetas do Porto. A estreia está agendada para o próximo dia 10 de maio, às 21h30, com entrada livre (limitada à lotação da sala).
Princesa Yaegaki promete ser uma experiência única não só porque representa uma fusão cultual inédita, ou porque combina marionetas tradicionais, música ao vivo e elementos de som eletrónico. O espetáculo será interpretado exclusivamente por marionetistas femininas, o que constitui uma inovação no contexto do bunraku.
O espetáculo conta com a participação de marionetistas como Naomi Kameno (Hitomi-Za) e Vítor Gomes. A componente musical será interpretada por Miho Sakuma (flauta), Eriko Nagayama (violino), Aki Kitajima (violoncelo) e Teresa Barros Pereira Romão (harpa).
A direção musical está a cargo de Hibiki Mukai, compositor japonês nascido em 1993 em Shizuoka, Japão. Mukai é reconhecido internacionalmente por integrar elementos tradicionais e contemporâneos nas suas composições. Estudou na Toho Gakuen School of Music em Tóquio e completou o mestrado em Sonologia no Royal Conservatoire of The Hague, na Holanda.
Atualmente, reside no Porto, onde prossegue o doutoramento em Media Digitais na Universidade do Porto, com apoio da Agência para os Assuntos Culturais do Governo do Japão. Entre os seus prémios destacam-se o 1.º lugar na 6th Matan Givol International Composers Competition (Tel Aviv), o prémio da 3rd International Composition Competition “Prof. Marin Goleminov” (Sofia) e o 1.º prémio na 84th Music Competition of Japan.

O espetáculo será acompanhado de música ao vivo.
Bunraku
São bonecos feitos de madeira que têm entre 1,30 e 1,50 metros e podem chegar a pesar 20 kg. São manuseados pela cabeça e mão direita por um/uma marionetista principal (vestido de negro) que conta com a ajuda de um auxiliar, e pelos pés através de um segundo assistente. Todas as cabeças de boneco (ou Kashiras) são feitas a mão e representam uma figura específica da história.
Também conhecido como Ningyō Jōruri (人形浄瑠璃), este teatro de fantoches conta histórias, lendas e mitos de um Japão muito antigo, abordando e estabelecendo uma junção entre forças aparentemente antagónicas tais como as obrigações sociais e as questões emocionais que também estruturam a humanidade. Sendo uma das quatro expressões cênicas da arte tradicional japonesa, encontra-se reconhecida pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Teatro de Marionetas do Porto
Nascido nos finais da década de 198o, o Teatro de Marionetas do Porto tem pautado as suas apresentações através de uma visão não convencional da marioneta. “Exit” (estreada em 1998) foi a primeira peça de um ciclo que procurou refletir sobre a condição humana pós-moderna, e no qual o teatro de marionetas é contaminado por outras linguagens artísticas como a música, o vídeo, a dança e as artes plásticas assumindo uma dimensão mais performativa, marca definitivamente o assumir de um caminho de risco.
A segunda metade dos anos noventa regista a consolidação do projeto artístico da companhia. O TMP adquire definitivamente uma projeção internacional que o leva a apresentar-se regularmente na Europa e em diversos países do mundo (Espanha, França, Irlanda, Bélgica, Holanda, Áustria, Suíça, Itália, Israel, Brasil, Polónia, Cabo Verde, Inglaterra, Marrocos, China, República Checa, Canadá e Alemanha). E cria uma rede de parceiros de programação em Portugal que faz com que, atualmente, cerca de 30% da atividade se desenvolva em itinerância.
O TMP pauta a sua ação por uma procura de “novas formas de conceção das marionetas, no limite objetos cinéticos, e novas possibilidades de explorar a gramática desta linguagem teatral, no que diz respeito à interpretação e à relação transversal com outras áreas de expressão, como a dança, as artes plásticas, a música e a imagem”. A abertura oficial do museu (em 2013) assinalou os 25 anos da companhia.