Durante três dias, o KULTURfest traz um programa para todos os gostos: cinema, dança, exposições, música e debate de ideias. Com o objetivo de promover a diversidade de culturas de expressão alemã, o festival acontece na Casa Comum, no edifício da Reitoria da U.Porto, com entrada gratuita.

A integração, a imigração, o populismo, a identidade, a igualdade de género e a liberdade individual são alguns dos temas, transversais à sociedade contemporânea, que o festival pretende abordar.

A abertura oficial, no Porto, acontece a 28 de abril, às 19h00, com a inauguração da exposição 60 anos da comunidade portuguesa na Alemanha, que ficará patente nas arcadas do edifício da Reitoria da U.Porto.

A mostra dá a conhecer a história da emigração portuguesa para a Alemanha, assinalando a chegada dos primeiros trabalhadores ao abrigo do acordo bilateral assinado entre os dois países em 1964. Após a inauguração será ainda efetuada uma visita guiada especial para o público do festival à exposição Aula do Visível, ao edifício Abel Salazar, para explorar a influência alemã na obra de artistas portugueses.

Nessa noite, às 21h00, na Casa Comum, será exibida a comédia alemã Dois por Um, realizada por Natja Brunckhorst, a atriz principal de Os Filhos da Droga. O filme decorre no verão de 1990, após a queda do Muro de Berlim, quando três amigos de infância encontram milhões de marcos da antiga República Democrática Alemã (RDA) e decidem começar uma nova vida. O plano rapidamente se transforma num jogo perigoso repleto de dilemas morais e reviravoltas. A produção conta com Sandra Hüller (Anatomia de uma Queda), Max Riemelt e Ronald Zehrfeld nos principais papéis.

“Dois por um” será exibido dia 28 abril, às 21h30, na Casa Comum.

No dia 29 de abril, a Casa Comum será palco de três filmes e um debate. A programação começa às 15h00 com a exibição de Shahid, da iraniana Narges Kalhor. Entre a realidade e a ficção, o filme segue uma mulher iraniana que tenta apagar o apelido “Shahid” (mártir), herdado do bisavô. O processo desencadeia conflitos internos, resistência burocrática e até a revolta dos atores que a ajudam a dramatizar o seu caso. Misturando teatro, musical e sátira, o filme questiona ideologias e confronta o peso da herança cultural.

Após a exibição, terá lugar uma mesa-redonda sobre temas como a integração, a identidade e pátria, com a participação de Katharina Baab, leitora do Serviço Alemão de Intercâmbio Académico (DAAD), membros da comunidade estudantil e o público presente.

Às 17h00, decorre o debate Bacalhau e Brezel – quais os ingredientes necessários para uma integração bem-sucedida?, que propõe uma conversa descontraída e crítica sobre imigração e convivência intercultural entre Portugal e Alemanha.

Ainda no dia 29, às 18h00, será exibido o documentário As insubmissas 2 – Bom dia, lindas!, de Torsten Körner, que destaca a luta de quinze mulheres que marcaram a política alemã desde o pós-guerra até à atualidade. O filme dá voz a protagonistas da República Federal da Alemanha e da Alemanha de Leste que desafiaram um sistema dominado por homens, abrindo caminho para transformações sociais e políticas que culminaram na eleição de Angela Merkel como a primeira chanceler da Alemanha.

Às 21h00, fecha-se o dia com Solo Sunny, realizado por Konrad Wolf, no ano em que se assinala o centenário do nascimento do cineasta. Lançado em 1980, o filme acompanha a vida de Sunny, cantora pop que sonha com independência numa RDA rígida e conservadora. Uma obra marcante da DEFA, valeu a Renate Krößner o Urso de Prata da Berlinale.

A programação do KULTURfest na Casa Comum encerra no dia 30 de abril, às 18h00, com um concerto dedicado a Johann Sebastian Bach, interpretado por músicos da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE). O recital assinala os 275 anos da morte do compositor alemão, celebrando o seu legado intemporal.

O KULTURfest é promovido pelo Goethe-Institut Portugal com o apoio de várias instituições culturais e académicas. No Porto, o festival propõe um olhar artístico e crítico sobre temas centrais da sociedade contemporânea, reforçando os laços entre a cultura de expressão alemã e o público português.