O coletivo FIELD, composto por António Pedro Faria, João Francisco Sousa, Nádia Santos, Tiago Ascensão – antigos estudantes da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) – e Miguel Teodoro – antigo estudante da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP)venceu uma de duas bolsas de criação Diogo Seixas Lopes Centro de Arquitectura MAC/CCB, no valor de dez mil euros. O anúncio foi feito a 2 de abril, no contexto da reabertura do Centro de Arquitectura MAC/CCB, em Lisboa.

O projeto vencedor, intitulado “Columba Livia sp. Domestica: Agente Crítico de Descodificação de Políticas Espaciais“, propõe um olhar inovador e indisciplinar sobre o pombo como “agente crítico e interface metabólico de descodificação das dinâmicas espaciais, socioculturais e geopolíticas”. “Ao longo da história, a relação entre humanos e pombos oscilou entre a veneração e a marginalização”, refere, por sua vez, o coletivo FIELD. De mensageiros a símbolos de resistência, de espécies-sentinela a pragas urbanas, os pombos questionam as fronteiras entre o domesticado e o selvagem, o útil e o descartável, o centro e a periferia.

A proposta do projeto passa por mapear e ativar “ligações transterritoriais entre áreas periféricas rurais e centros urbanos”, de forma a repensar a “interação entre humanos e columbídeos para além das narrativas convencionais de praga e controlo”.

O projeto conta com o apoio da Palombar – Associação de Conservação da Natureza e Património Rural, da Associação Colombófila do Porto, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa.

Esta edição da bolsa Diogo Seixas Lopes, cujo júri foi composto pelas curadoras Julia Albani, Marta Mestre e Sofia Passadouro, teve como temática “Interespécies” sobre as relações interespécies, colocando o foco na conexão emocional e na coexistência.

A iniciativa pretende dar visibilidade a projetos que promovam a reflexão sobre temas ambientais e culturais, incentivando a criação de novas narrativas sobre o mundo natural e a sua interdependência com o ser humano.

O coletivo FIELD surge a partir das inquietações relativas à relação entre a arquitetura, a sociedade e o território, e é composto por uma equipa multidisciplinar com trajetórias diversas e complementares. A sua experiência abrange áreas como a edição, a curadoria e projetos de investigação, nos domínios da arquitetura, cenografia, arte e design.

Para este coletivo, a investigação artística e a análise territorial orientam-se pela intenção de aplicar as ferramentas da arquitetura e da análise espacial, integrando-as com práticas anti-extrativistas e com territórios em disputa. Estes territórios desafiam projetos e lógicas que ignoram a complexidade temporal e interespécie dos ecossistemas culturais e ambientais.