“A Universidade do Porto pode não ser capaz de adivinhar o futuro”, mas procurará inventá-lo “com a determinação e o sentido estratégico do presente”. Esta foi a garantia deixada, esta segunda-feira, pelo Reitor da Universidade Porto, António de Sousa Pereira, no discurso de encerramento da Sessão Solene do Dia da Universidade 2025, ponto alto das comemorações do 114.º aniversário da instituição.

A entrar no seu último ano de mandato, António de Sousa Pereira garantiu, perante uma plateia composta pelos líderes das principais instituições da cidade e da região e pelo corpo de professores doutorados da U.Porto, que a atual equipa reitoral continuará a trabalhar “ainda mais empenhadamente, e ainda com maior convicção, no sentido de dotar a academia de condições e de estruturas que lhe permitam enfrentar sem receio os desafios do porvir, cumprindo a sua essencial missão de serviço público e formando aqueles que, nas mais diversas áreas, hão de moldar o amanhã da comunidade”.

“Quando se prepara convenientemente o devir, não há ‘projeto vasto demais, nem bocado demasiado grande para a boca do coração’”, declarou o Reitor, recorrendo às palavras que o poeta Rainer Maria Rilke dedicou ao futuro.

Futuro com vista para o mar

Entre os projetos pensados para que a U.Porto “possa formar ainda melhor aqueles que nos confiam a sua instrução científica e técnica, assegurando, em simultâneo, uma posição destacada na produção de investigação e conhecimento”, António de Sousa Pereira salientou a expansão da Universidade para os terrenos da antiga refinaria de Leça da Palmeira, onde nascerá, “tão cedo quanto possível”, o novo Centro de Inovação e Desenvolvimento.

“É porventura o mais decisivo projeto da Universidade do Porto para as próximas décadas”, disse, acrescentando que está previsto para ali um investimento inicial de 30 milhões de euros, para construir um equipamento dedicado aos domínios da energia verde, das telecomunicações e da perceção computacional.

O Reitor sublinhou também que a U.Porto prevê executar obra com um valor total que ronda dos 25 milhões de euros durante o ano de 2025, investimento que inclui o novo edifício da Faculdade de Letras, a ampliação do complexo da Faculdade de Direito, a construção e remodelação de residências universitárias ou a modernização das instalações da Faculdade de Medicina.

A festa dos 114 anos da U.Porto em imagens

Na linha da frente da investigação científica

Num discurso em que passou em revista alguns dos principais marcos alcançados pela Universidade do Porto no decurso do último ano, António de Sousa Pereira salientou ainda onze novos projetos de investigação que, em 2024, obtiveram um financiamento de cerca de 13 milhões de euros de instituições como a Fundação Gulbenkian, o European Research Council, a Fundação La Caixa e o programa Horizonte Europa.

“No caso do programa Horizonte Europa, os quatro projetos financiados em 2024 envolvem a colaboração da universidade com mais de trinta empresas nacionais e internacionais. A estes projetos soma-se ainda a parceria estabelecida com a Bosch para desenvolver um sistema inteligente de gestão industrial, a qual conta com um financiamento de 3 milhões de euros”, realçou António de Sousa Pereira.

“Este serviço que prestamos ao desenvolvimento da economia beneficia de forma inquestionável da qualidade da formação que proporcionamos aos nossos estudantes, entre os quais se contam cerca de 4.500 doutorandos, dos quais 1.650 são bolseiros da FCT. A Universidade do Porto é, aliás, a instituição de ensino superior nacional com mais bolsas de doutoramento atribuídas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia”, sublinhou o Reitor.

Recordando que as empresas sediadas no UPTEC têm sido apontadas como as mais inovadoras da Europa e as que mais crescem em Portugal, António de Sousa Pereira salientou ainda que a Universidade do Porto continuará empenhada “na disseminação de cultura e de reflexão cívica e crítica”.

“Num momento em que, outra vez, assistimos ao regresso de sinais de ódio, de intolerância, de egoísmo e de desrespeito pelos mais fundamentais direitos humanos, a universidade tem a obrigação de continuar a ser um bastião de tolerância, de progresso, de solidariedade e de defesa da dignidade humana”, projetou o Reitor.

Antes de António de Sousa Pereira, passaram pelo púlpito do Salão Nobre da Reitoria o Presidente do Conselho Geral da U.Porto, António Freire de Sousa, o Presidente do Conselho de Curadores, Luís Braga da Cruz, e os representantes dos estudantes – Francisco Porto Fernandes (estudante da Faculdade de Economia e atual Presidente da Federação Académica do Porto) – e dos trabalhadores – Maria João Fonseca (Diretora da Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto) -, respetivamente.

O papel de orador convidado coube este ano a António M. Feijó, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian.

Premiar a excelência

A Sessão Solene do Dia da Universidade 2025 foi também o momento para celebrar o méritos dos membros da comunidade que mais se destacaram no último ano em diferentes vertentes.

Dos Prémios Incentivo, entregues aos melhores estudantes de primeiro ano de licenciaturas e mestrados integrados, ao Prémio Excelência na Investigação Científica, passando pelo Prémio Prática Pedagógica Inovadora ou pelo Prémio Cidadania Ativa, a U.Porto reconheceu, mais uma vez, os melhores entre os melhores.

A cerimónia contou com a participação dos 22 estudantes distinguidos com o Prémio Incentivo 2025 (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

Ponto alto da cerimónia foi também a proclamação dos novos Professores Eméritos, reconhecimento atribuído este ano a nove professores/as jubilados/as e reformados/as que se destacaram pelos seus altos serviços prestados à U.Porto.

Recorde abaixo os principais momentos da Sessão Solene do Dia da Universidade 2025.