Chama-se «FEUP Boost Engenharia» e é o novo programa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) para o ensino secundário. O objetivo é levar às escolas conceitos de áreas STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) e promover o debate sobre assuntos da atualidade. Disponível ao longo do ano, o programa pretende fomentar, junto dos mais jovens, a sensibilização para a cultura científica e tecnológica.

O «Boost Engenharia» dispõe de um conjunto de atividades hands-on, enquadradas nas áreas de estudo da faculdade – oficinas e workshops -, e dinâmicas que pretendem levar à comunidade escolar conceitos de Engenharia e o debate sobre assuntos da contemporaneidade – as EngiTalks.

As atividades deste novo programa serão dinamizadas por docentes, investigadores e estudantes da FEUP, e pretendem desmistificar temáticas emergentes como Inteligência Artificial, Alterações Climáticas, Energias Renováveis, Economia Circular, Internet das Coisas, entre outras.

A iniciativa é aberta a todas as escolas do país, mediante a manifestação de interesse através do formulário de inscrição que consta do site oficial.

 Formar as próximas gerações

Segundo Luís Paulo Reis, docente do Departamento de Engenharia Informática e um dos intervenientes do novo programa, “o «FEUP Boost Engenharia» proporciona aos alunos uma excelente oportunidade para contactarem diretamente com áreas científicas avançadas, enriquecer a sua formação e identificar interesses e aptidões em fases precoces da sua vida. As atividades vão permitir o desenvolvimento de competências essenciais como o trabalho colaborativo, a resolução de problemas complexos, a utilização de tecnologias emergentes e a capacidade de adaptação a contextos inovadores, fundamentais para enfrentar os desafios do futuro”.

“Através das EngiTalks e oficinas, os alunos vão poder explorar diferentes ramos da engenharia e compreender a sua aplicação prática no dia a dia e na resolução de desafios globais. A ideia é demonstrar de que forma é que a engenharia pode contribuir para um mundo mais sustentável, inovador e eficiente, despertar o interesse e curiosidade por áreas tecnológicas e científicas, e inspirá-los a acreditarem no seu potencial e a procurarem soluções para problemas reais” reforça Luísa Andrade, docente do Departamento de Engenharia Química e Biológica que colabora no programa.

“Desconstruir” conceitos STEM

De acordo com os resultados do último relatório PISA (Programme for International Student Assessment), resultante de uma avaliação coordenada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), que afere as competências de alunos em áreas como as Ciências e a Matemática, Portugal apresentou uma descida dos valores de literacia científica e matemática dos alunos, relativamente aos resultados da edição anterior (2018).

Convidando os mais jovens a serem agentes de mudança, a nova aposta da FEUP pretende ainda explorar conceitos relacionados com as áreas de ensino e investigação da faculdade. Um desses exemplos é a Inteligência Artificial, que, segundo Luís Paulo Reis, “é um tema crucial para os alunos do ensino secundário, uma vez que é provavelmente a tecnologia mais impactante e disruptiva do século XXI, afetando desde já, e ainda mais no futuro, a vida pessoal, académica e profissional dos nossos jovens”.

Alternativas mais “limpas” para a produção de energia é um outro tema abrangido pelo novo programa. “Estamos a passar por uma mudança que implica a produção de energia de uma forma mais limpa e sustentável, de forma a combater as alterações climáticas e a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Saber mais sobre este assunto incentiva o desenvolvimento e o uso de energias renováveis, ajudando a construir um futuro com energia mais limpa e sustentável”, explica Vânia Oliveira, investigadora do Centro de Estudos de Fenómenos de Transporte (CEFT), do Laboratório Associado para a Inovação em Engenharia Química (ALiCE), que dinamiza uma EngiTalk sobre uma tecnologia alternativa para a produção de energia.

Um outro exemplo é a robótica submarina associada à exploração do fundo dos oceanos. “Esta área é essencial para a ciência, a economia e a preservação dos oceanos. A maior parte do mar profundo continua desconhecida, mas é um ecossistema crucial para o equilíbrio do planeta. Sem tecnologia robótica, seria impossível alcançar zonas abissais, monitorizar mudanças ambientais, estudar a biodiversidade ou explorar novos recursos de forma segura e sustentável”, aponta Nuno Cruz, docente do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e coordenador do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do INESC TEC.

“Os alunos vão descobrir os principais desafios da exploração oceânica e como a robótica marinha tem revolucionado a nossa capacidade de estudar e interagir com o ambiente subaquático. Ao contactar com estas temáticas, os alunos vão compreender que o conhecimento e a tecnologia são ferramentas poderosas para resolver problemas e transformar o futuro”, sublinha.

As atividades do «FEUP Boost Engenharia» estão disponíveis no site oficial do programa e todas as escolas podem participar, manifestando o seu interesse através do formulário de inscrição presente na página da respetiva atividade. Para mais informações, enviar um e-mail para [email protected].