São noites de grande amplitude sonora as que prometem ser vividas na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto. Na primeira, a 14 de março, presta-se homenagem à música popular brasileira. No dia seguinte, muda-se o tom para celebrar a música tradicional irlandesa. São dois concertos a não perder, a partir das 21h30 e com entrada livre.
Dia 14 de março, a pianista brasileira Maria Teresa Madeira, acompanhada pelo músico e pesquisador Rodrigo Alzuguir, apresenta um concerto em tributo a Chiquinha Gonzaga, figura pioneira da música popular brasileira.
No dia seguinte, 15 de março, o grupo Díada & Amigos protagoniza um espetáculo dedicado à música tradicional da Irlanda, antecipando as celebrações do Dia de São Patrício. Vamos aos detalhes…
Chiquinha Gonzaga: 90 anos de saudade
A primeira noite de concertos, a 14 de março, sexta-feira, assinala os 90 anos da morte de Chiquinha Gonzaga (1847-1935), compositora, maestrina e pianista que marcou a história da música brasileira.
Maria Teresa Madeira, uma das mais destacadas intérpretes do seu repertório, traz à Casa Comum um espetáculo que percorre a obra da autora de Ó Abre Alas e tantas outras composições que ajudaram a definir os rumos da música popular brasileira, em especial do choro, um dos primeiros géneros musicais urbanos do Brasil, caracterizado pela improvisação e um ritmo sincopado que combina influências europeias e africanas, e do maxixe, considerado um dos precursores do samba.
Maria Teresa Madeira é uma referência na música brasileira. Tem mais de 30 álbuns gravados, já apresentou concertos em diversos países e é reconhecida pela sua interpretação expressiva do repertório popular e erudito do Brasil. Ao seu lado estará Rodrigo Alzuguir, ator, músico, dramaturgo e pesquisador da obra de Chiquinha Gonzaga. Além de sua atuação na música, Alzuguir escreveu a biografia da compositora e é especialista em sua trajetória.
A energia da música irlandesa com Díada & Amigos
No dia seguinte, 15 de março, sábado, a celebração musical continua com o concerto São Patrício nos Idos de Março, que traz à Casa Comum a vibração sonora da música tradicional irlandesa.
Díada é um duo formado por Colm Larkin e Sandro Bueno, músicos que partilham uma paixão pela música folk europeia e que se dedicam à interpretação da tradição instrumental da Irlanda e de outras culturas musicais do continente.
Colm Larkin, natural de Cork, na Irlanda, estudou música no University College Cork e tem uma vasta experiência na cena folk, participando em diversos projetos musicais que exploram tanto a tradição irlandesa quanto fusões com outros estilos. Já Sandro Bueno, multi-instrumentista brasileiro, especializou-se em música tradicional europeia e toca instrumentos como tin whistle, flauta transversal e gaita de foles. A sua trajetória inclui passagens por grupos de música celta e galega, onde aprofundou o estudo das melodias e ritmos que caracterizam essas tradições.

Os Díada & Amigos sobem ao palco da Casa Comum na noite de 15 de março. (Foto: DR)
Para este concerto especial, o Díada junta-se a dois músicos convidados. Miguel Quitério, um dos mais reconhecidos intérpretes portugueses do uilleann pipes, a tradicional gaita de foles irlandesa, confere ao repertório uma sonoridade autêntica e envolvente. João Valente, violinista com vasta experiência na música folk, traz para o palco a energia dançante dos jigs, reels e hornpipes, géneros que caracterizam a sonoridade celta.
Juntos, os quatro músicos proporcionarão uma noite única, transportando o público para a atmosfera dos pubs irlandeses e dos festivais tradicionais que celebram a cultura celta.
Este é um convite para mergulhar, antecipadamente, no espírito festivo do Dia de São Patrício, celebrado mundialmente a 17 de março. Recordaremos assim, no Porto, o santo padroeiro da Irlanda, que (diz a lenda…) usou o trevo para explicar aos irlandeses a Santíssima Trindade, assim tornando esta planta no símbolo do país.
Os dois espetáculos terão entrada gratuita, ainda que limitada à lotação da sala.
A Casa Comum reforça assim o seu compromisso de oferecer uma programação diversificada e acessível, aproximando o público da riqueza musical de diferentes culturas.