A Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto recebe, entre março e abril de 2025, o ciclo de cinema “Territórios, Brasil e Portugal”, uma iniciativa conjunta com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e que apresenta uma seleção de filmes que refletem sobre identidade, memória e resistência, promovendo um diálogo entre os dois países. As sessões decorrem sempre às sextas-feiras, às 18h30, e têm entrada gratuita.

A programação arranca a 7 de março com Branco sai, preto fica, de Adirley Queiroz, um filme que mistura ficção científica e documentário para contar a história de um tiroteio num baile de black music na periferia de Brasília. Anos depois, um homem retorna do futuro para investigar o evento e denunciar a repressão sofrida pela população negra.

No dia 14 de março é exibido Café com canela, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, um drama que acompanha Margarida, uma mulher reclusa após a morte do filho. A sua rotina muda quando Violeta, uma antiga aluna, reaparece decidida a resgatar a alegria em sua vida.

“Café com Canela” de Ary Rosa e Glenda Nicácio, passa dia 14 de março, na Casa Comum. (Foto: DR)

Já a 21 de março, o documentário Yãmiyhex: As Mulheres-Espírito, de Sueli Maxakali e Isael Maxakali, leva o espectador à Aldeia Verde, em Minas Gerais, onde as yãmiyhex, figuras espirituais femininas, se preparam para partir após meses de convivência com a comunidade indígena. A produção regista os rituais e as emoções de uma despedida marcada pela presença de diversos espíritos.

A 28 de março, A mãe, de Cristiano Burlan, apresenta a história de Maria, uma mãe solteira da periferia de São Paulo que chega do trabalho e não encontra o filho adolescente. Ao descobrir que ele foi morto pela polícia, embarca numa busca incansável por justiça.

A encerrar o ciclo, dia 4 de abril, Limiar, de Coraci Ruiz, traz um olhar intimista sobre a transição de género de um jovem, registada pela própria mãe. Este documentário explora as mudanças, desafios e descobertas vividas ao longo deste processo que leva também a mãe numa viagem de rutura com velhos paradigmas, enfrentando medos e preconceitos.

Com curadoria de José Paulo Santos (U.Porto) e Gilberto Sobrinho (UNICAMP), o ciclo “Territórios, Brasil e Portugal” promove uma reflexão profunda sobre os territórios, identidades e relações sociais no Brasil e em Portugal através do cinema.

Para além das exibições em Portugal, a iniciativa terá uma programação complementar no Brasil, com a projeção de filmes portugueses na UNICAMP. Serão exibidos Alcindo, de Miguel Dores; Por detrás da Moeda, de Luís Moya; Pare, Escute e Olhe, de Jorge Pelicano; Memórias do 25 de Abril, 50 anos da Revolução dos Cravos, de Carlos Pronzato e Nove meses de inverno e três de inferno, de João Pedro Marnoto.

É também objetivo deste intercâmbio cinematográfico partilhar contextos sociais, políticos e etnográficos, fortalecendo o diálogo cultural entre Brasil e Portugal.

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