A Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva, do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), vai receber, até 30 de abril, a exposição Seios, 300 Desenhos, de António Modesto, antigo professor de Design da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP).
Refletindo sobre a diversidade do corpo feminino, esta exposição apresenta, pela primeira vez, a coleção de 300 desenhos executados por António Modesto a lápis de cera sobre papel, entre 2010 e 2025, a partir da leitura do livro A Mulher Nua — Um Estudo do Corpo Feminino, de Desmond Morris (2024).
À expressão artística caraterística desta forma de comunicação, associa-se uma reflexão sobre a diversidade humana, nas suas vertentes biológica e cultural. Os desenhos de António Modesto partem da observação de registos fotográficos. O artista explica que os primeiros trabalhos foram influenciados pelo estudo da morfologia mamária descrita por Desmond Morris, sendo que, ao longo do tempo, o projeto evoluiu para uma reflexão mais abrangente sobre a diversidade do corpo feminino e suas representações culturais.
“Os 300 desenhos aqui expostos foram executados a lápis de cera sobre papel, a partir da leitura do livro A Mulher Nua — Um Estudo do Corpo Feminino (2004), de Desmond Morris”, e do respetivo registo fotográfico, afirma Modesto. Para o artista, os desenhos ultrapassam a mera forma estética, funcionando como “uma metáfora da diversidade do mundo”.

A exposição estará aberta ao público até finais de abril, na Galeria da Biodiversidade. (Foto: DR)
O Corpo Feminino entre Arte e Sociedade
A representação dos seios femininos tem atravessado séculos de história da arte, variando entre a celebração da beleza, da fertilidade e até da censura. Para Desmond Morris, a forma dos seios humanos não está apenas ligada à maternidade, mas também a códigos visuais de atração sexual desenvolvidos ao longo da evolução da espécie. “A forma dos seios humanos não está relacionada com os cuidados maternos, mas com outra coisa qualquer, nomeadamente a beleza sexual”, escreve o autor.
Para além da biologia, os seios foram moldados por normas estéticas e sociais, que influenciam a forma como são representados e percecionados. Como destaca Alexandra Matias, (professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), “o seio feminino – muitas vezes ainda objeto de tabus, escândalos ou interesse voyeurístico – é elevado através da arte e torna-se portador de uma importante mensagem política”.
Seios, 300 Desenhos abre assim espaço para uma reflexão crítica sobre as imposições sociais, os padrões de beleza e a censura do corpo feminino, promovendo uma abordagem artística que desafia convenções e convida à reinterpretação da identidade e da diversidade corporal.
A exposição será inaugurada no dia 1 de março, às 18h00. Depois deste momento, pode ser visitada de 2 de março a 30 de abril, de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 13h00, e das 14h00 às 18h00, sendo o último acesso permitido até às 17h30.
A entrada é livre.
Sobre António Modesto
António Modesto Nunes nasceu em Ponte do Abade, Aguiar da Beira, em 1957. Estudou arte e design na Escola Superior de Belas de Artes do Porto — atual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto —, onde foi professor desde 1983 até se aposentar, em 2023.
Em paralelo com a docência, é investigador (membro integrado do ID+), designer e desenhador, autor e coautor de múltiplos artefactos e publicações nas áreas do design gráfico e editorial, ilustração, identidade visual, embalagem, design de equipamento e interiores, com os quais obteve diversos prémios e distinções. É coautor da mascote da Expo 98 e do manual mais adotado pelas escolas em Portugal para o ensino da Educação Visual no 3.º ciclo do ensino básico.
Foi diretor artístico do seu próprio atelier de design até 2012.