São três salas de uma experiência educativa, reflexiva e artística sobre doenças neurológicas. Nelas, contam-se Histórias para Salvar – 10 Anos do Banco Português de Cérebros (BPC), exposição que ficará patente ao público de 26 de fevereiro a 3 de maio, nas Galerias da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto.

Que doenças afetam o cérebro?  Como se manifestam? De que forma tem vindo a ciência a dar resposta a estes desafios? Esta exposição é um convite para fazer um percurso possível pelo universo do cérebro humano e pelas patologias que podem afetar este órgão tão complexo. E é, precisamente, por aqui que começamos. A Doença de Alzheimer, a Epilepsia, a Doença de Parkinson, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), a Doença de Machado-Joseph… Desde os primeiros casos documentados até aos avanços científicos mais recentes, a primeira sala aborda doenças que afetam o cérebro.

Qual a importância das doações de tecido cerebral para o avanço da investigação? Ao entrar na segunda sala vai ver instrumentos de dissecação utilizados no processo de recolha e preparação de tecidos para estudos científicos e perceber, um pouco melhor, como funciona uma das mais importantes fontes de tecidos cerebrais para a investigação científica. Será exibido um vídeo, da autoria do artista Rui Manuel Vieira, que documenta o método científico do processo, mas também reflete sobre o lado humano e real de quem lida com o estudo e a preservação do cérebro.

Hemisfério cerebral esquerdo / Corte sagital (ICBAS) (Foto: U.Porto)

O foco nas pessoas

“Que o foco estivesse nas pessoas” foi o “fio de prumo” que norteou a exposição, explica Ricardo Taipa, diretor do BPC.  Para além da questão científica, quis-se “conferir uma dimensão humana, mais pessoal e interpretativa, sobre o funcionamento do cérebro e o impacto das doenças”. É, de resto, de forma “relativamente despida” que se apresenta o trabalho desenvolvido no BPC, “tentando ser fiel a quem nos visita e, em particular, aos doentes e famílias que doaram o cérebro à ciência”.

A terceira sala é dedicada à arte contemporânea. Através de instalações imersivas, Maria Beatitude explora o cérebro e a memória, enquanto Cristina Mateus combina imagens de diferentes origens, abordando a complexidade do cérebro e suas doenças.

Recorrendo a uma “linguagem diferente da que estamos habituados na área científica”, é convicção de Ricardo Taipa que a dimensão artística da exposição também reflete “a dimensão humana” do trabalho do BPC, aproximando “a sociedade civil à ciência e à cultura, tendo o cérebro como tema unificador”.

Histórias para Salvar – 10 Anos do Banco Português de Cérebros vai estar patente nas Galerias I e II da Casa Comum, entre o dia 26 de fevereiro (inauguração às 18h00) e o dia 3 de maio (encerramento). A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, entre as 10h00 e as 13h00 e das 14h00 às 17h30, e aos sábados, das 15h00 às 18h00.

A entrada é livre.

Um recurso para a Investigação

Criado em 2014, o Banco Português de Cérebros tem por missão desenvolver o conhecimento neurológico através da recolha de cérebros e informação clínica associada. Após o diagnóstico neuropatológico, disponibiliza tecidos para investigação em neurociências a grupos nacionais e internacionais.

Desde a sua fundação, o BPC já recebeu 140 doações de indivíduos com diferentes doenças neurológicas. Para além da formação pré e pós-graduada em várias disciplinas ligadas às neurociências, também desempenha um papel na promoção da saúde junto da sociedade civil, colaborando com vários grupos de investigação em neurociências, tanto em Portugal como no estrangeiro.  O trabalho desenvolvido contribui, assim, para o avanço do conhecimento sobre doenças neurológicas, ajudando ao desenvolvimento de melhores formas de diagnóstico e tratamento.

O BPC encontra-se sediado no Serviço de Neuropatologia do Centro Hospitalar Universitário de Santo António, no Porto e conta com a colaboração do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, e do Instituto de Ciências da Vida e da Saúde, da Universidade do Minho.