É uma oportunidade rara para ver de perto mais de um século de produção artística nacional. Entre pintura, desenho, escultura e fotografia, a Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho vai expor um importante núcleo da coleção da Fundação Ilídio Pinho. A exposição de arte moderna e contemporânea portuguesa inaugura no próximo dia 11 de fevereiro, às 17h30, no renovado Edifício Abel Salazar da Universidade do Porto (Largo do Prof. Abel Salazar, junto ao edifício histórico do Hospital de Santo António).

Recorrendo a propostas que tanto abarcam as maiores figuras da nossa cultura visual, como nomes menos reconhecidos publicamente, mas que determinaram o contexto nacional, a Aula do Visível irá apresentar mais de 120 trabalhos, incluindo dez de Vieira da Silva e cinco de Amadeo de Souza-Cardoso.

“A riqueza da coleção Ilídio Pinho, uma das mais significativas dedicadas exclusivamente à arte portuguesa, permite a uma instituição de ensino como a Universidade do Porto oferecer à sua comunidade académica e ao país uma autêntica ‘aula’ sobre a forma pouco linear como a produção artística nacional evoluiu nos últimos 145 anos”, afirma Fátima Vieira, Vice-Reitora para Cultura e Museus da U.Porto.

“As obras expostas atravessam o panorama da arte nacional, dos primórdios da modernidade, com Columbano Bordalo Pinheiro, Amadeo de Souza-Cardoso ou Almada Negreiros até aos novos caminhos da arte dos nossos dias, com ecos da portugalidade e de influências estéticas, artísticas, técnicas e filosóficas internacionais”. Em suma, esta Aula do Visível vai trazer até nós, acrescenta Fátima Vieira, “não só a arte de Vieira da Silva ou Maria Beatriz, as artistas com maior presença na exposição, mas também as obras, entre outros, de Paula Rego, Helena Almeida, Júlio Pomar, Rui Sanches ou André Cepeda, que tiveram forte impacto na arte nacional e internacional”.

Paula Rego, O meu Tio no Dordogne, 1972 (pormenor). (Foto: DR)

Uma viagem pela história da arte portuguesa

Para além de referências da modernidade como Mário Eloy, Almada Negreiros, Sarah Affonso, Júlio Resende e Nadir Afonso, destacam-se ainda presenças pioneiras como Helena Almeida, e outros nomes associados à arte abstrata tais como Ângelo de Sousa, Eduardo Batarda, Jorge Martins, ou visionários com uma tendência alegórica ou simbólica, com destaque para Paula Rego, Álvaro Lapa, entre outros.

Há, ainda, um importante núcleo dedicado à fotografia, às novas gerações da pintura e alguns apontamentos escultóricos da autoria de artistas como Rui Sanches, Francisco Tropa, Susanne Themlitz, Miguel Palma e Miguel Ângelo Rocha.

A exposição irá permitir “uma leitura por vezes inesperada de linhas de continuidade e de rutura que se cruzam em inédita coabitação: uma Aula do Visível, portanto”, sublinha o curador da exposição, Miguel von Hafe Pérez.

“Imaginar um futuro melhor”

De acordo com o Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, para além da formação técnica e científica dos profissionais do futuro, a Universidade tem também “o dever fundamental de promover a disseminação da reflexão cultural e do pensamento crítico”, contribuindo, desta forma, “para ampliar a dimensão ética da instrução que queremos proporcionar aos nossos estudantes para que saibam imaginar um melhor futuro”. Daí que esta exposição constitua “uma excelente oportunidade para a concretização dessa missão”.

Até ao final do mês de maio, e “numa das mais emblemáticas casas da Academia”, acrescenta António de Sousa Pereira, iremos acolher “uma parte significativa da maior coleção privada de arte portuguesa, numa ação afirmativa de promoção do acesso democrático à cultura. A Aula do Visível é, assim, para a Universidade do Porto, um forte motivo de júbilo”.

A Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho vai ficar patente ao público até ao próximo dia 31 de maio.

A exposição pode ser visitada de segunda-feira a sábado, das 10h00 às 17h30. A entrada é livre.