A investigadora Luísa Pereira, líder do grupo de investigação «Genetic Diversity» do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi recentemente convidada para integrar o Scientific Advisory Board (SAB) do ELIXIR, uma organização intergovernamental que coordena e desenvolve recursos no domínio das ciências da vida em toda a Europa. A cientista junta-se assim, durante três anos, ao grupo restrito de 14 membros que compõem o SAB do ELIXIR como especialista na área da Genética Populacional.

O ELIXIR reúne cientistas de mais de 240 institutos de investigação de 21 países membros, três países observadores e o Instituto Europeu de Bioinformática do EMBL, no Reino Unido. O principal objetivo desta organização é permitir que os investigadores possam aceder e analisar mais facilmente enormes quantidades de dados produzidos nas ciências da vida, trocar conhecimentos especializados e aplicar as melhores práticas de modo a obter novos conhecimentos sobre a forma como os organismos vivos funcionam na saúde e na doença e melhorar o impacto da investigação nesta área.

O SAB tem como função “fornecer revisões de alto nível do funcionamento científico e técnico do ELIXIR, incluindo a revisão de candidaturas e a avaliação da implementação do Programa Científico do ELIXIR e das atividades das Plataformas e Comunidades do ELIXIR”. Por isso, este convite para integrar o SAB do ELIXIR, explica Luísa Pereira, “representa um importante reconhecimento internacional da minha carreira. Será a minha primeira experiência a influenciar a direção da investigação e da inovação a nível europeu”.

A investigadora do i3S, que trabalha frequentemente com investigadores de países africanos, da Península Arábica, da Ásia e da América Central e do Sul, garante que tudo fará para “melhorar a equidade na caraterização genómica em todo o mundo”.

Para o i3S, sublinha Luísa Pereira, “o facto de um dos seus vice-diretores participar no ELIXIR SAB reforça a reputação institucional a nível europeu nas áreas de big data e medicina personalizada. Proporciona também novas oportunidades de financiamento e parcerias com líderes internacionais do meio académico, da indústria e dos governos».

A lista de recursos de dados do ELIXIR, adianta ainda a investigadora, “inclui bases de dados bem conhecidas e utilizadas pela comunidade i3S, tais como Ensembl (navegador para genomas de vertebrados); GWAS Catalog (coleção de estudos de associação genómica); The Human Protein Atlas (HPA – mapa das proteínas humanas em células, tecidos e órgãos); UniProt (recurso abrangente para dados de sequência e anotação de proteínas); bem como arquivos EGA e ENA (arquivos de dados genómicos de alto rendimento)”.

Sobre Luísa Pereira

Licenciada em Biologia pela Faculdade de Ciências da U.Porto (1995), foi também na FCUP que Luísa Pereira concluiu o Mestrado e o Doutoramento na área da Genética Populacional Humana. O percurso pós-graduado foi complementado por estadias curtas em diversas universidades da Europa (Ferrara, em Itália, Oxford e Glasgow, no Reino Unido, Santiago de Compostela, em Espanha) e Estados Unidos da América (Virginia Tech e Nashville).

Foi ainda no doutoramento que o destino de Luísa Pereira se cruzou com o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da U.Porto (Ipatimup) – atualmente integrado no i3S -, onde é investigadora desde 2004, e líder d0 grupo «Genetic Diversity» desde 2006. Tem centrado a sua investigação em diversidade genética humana na Europa, África, Península Arábica, América e Ásia com o objetivo de inferir o passado e a evolução das populações humanas. Nos últimos anos, tem vindo a relacionar esta diversidade com a suscetibilidade heterogénea das populações a doenças complexas, nomeadamente o cancro, focando-se em tipos de cancro mais frequentes em África, e doenças infeciosas (febre da dengue).

Coautora do livro O património genético português: a história humana preservada nos genes (Gradiva; 9.ª edição) e de mais de 150 artigos indexados e publicados em revistas internacionais, liderou e /ou participou em mais de 20  projetos de investigação. Em 2024, no âmbito do projeto “Ancestry Traveller“, foi co-curadora da exposição «Um Percurso Pela Diversidade Genética Humana», que recapitula as duas grandes viagens da humanidade – a expansão do humano moderno (Homo sapiens) por todo o globo, que ocorreu há cerca de 70 mil anos, e a viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano – na perspetiva da genética dos povos, sua diversidade e património. Esta exposição esteve patente no i3S e no Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa.

Atualmente, além de liderar o seu grupo de investigação, é vice-diretora do i3S, coordena a linha de cancro, participa assiduamente em ações de divulgação de Ciência e continua a dirigir a “Odisseia Genética”, um curso focado na realização informada de testes de ancestralidade.