Com o objetivo de estimular a imaginação e a criatividade, promovendo e valorizando a expressão literária em língua portuguesa na Comunidade FEUP, o Clube de Leitura e o Comissariado Cultural da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) promoveu a primeira edição do Concurso de Escrita Criativa, com os premiados a serem conhecidos no Dia da FEUP, celebrado a 13 de janeiro de 2025.

Apresentado em parceria com o projeto Equações da Liberdade, o programa cultural da FEUP que assinalou os 50 Anos do 25 de Abril, este concurso aberto a todos os membros da Comunidade contou com 58 trabalhos submetidos, que refletiam a temática relacionada com a liberdade, (o que fizemos e o que fazemos com ela). A prosa, a poesia e a banda desenhada foram os géneros literários elegíveis.

O prémio de melhor prosa foi atribuído a Abel Francisco Ferreira Dantas, investigador do Programa Doutoral em Engenharia Informática da FEUP, pela obra Um Lugar Comum.

Nas palavras do autor, esta é uma “narrativa curta e simbólica que aborda temas como solidariedade, alienação, resistência à mudança, entre outros. A história reflete sobre a importância de cuidar do que partilhamos coletivamente e de utopias construtivas, conceitos que estão profundamente ligados à prática e à responsabilidade de todos os engenheiros”.

(Foto: FEUP)

Para Abel Dantas, a ligação criada a outras pessoas em torno deste texto foi uma das principais vitórias. “Agradeço encarecidamente pela seleção deste texto como vencedor. Escrevi-o especificamente para o concurso, e o prémio levou várias pessoas a lê-lo e a partilhar comigo comentários muito positivos, que reforçaram a minha confiança em temas que me são muito próximos, como o movimento cooperativo e o estudo e desenvolvimento de sistemas distribuídos”, diz.

Por sua vez, a poesia vencedora foi Liberdade, escrita por Simão Pedro de Sousa Macedo, alumnus do mestrado em Engenharia Mecânica.

A lira premiada relata como “a liberdade exige que, do seu usufruto, surja a compreensão da necessidade da sua renovação e preservação constante. Sendo algo por vezes difícil de entender pela sua pouca ocupação no domínio do palpável (e igualmente por a encararmos hoje sempre como garantido), o poema ‘Liberdade’ invoca a humanização da liberdade, fazendo dela uma figura feminil que apenas o esforço e dedicação genuína são capazes de alcançar”, refere o autor.

(Foto: FEUP)

Simão Macedo diz, ainda, que o prémio não é apenas seu e dos outros colegas galardoados, mas sim de toda a comunidade científica que “hoje, mais do que nunca, estende a sua humanidade também à criação e contemplação artística. A ciência e a arte são as duas grandes chaves para o entendimento da vida humana e de tudo o que a rodeia. São dois gigantescos milagres e, na verdade, tudo o que no fim resta de nós”.

No campo da banda desenhada, a escolhida foi Deixa-me Voar, de Sofia Isabel Conceição Guerreiro, estudante da licenciatura em Bioengenharia.

A autora explora as “três dimensões essenciais da liberdade: o existir sem as amarras da sociedade, a liberdade de escolher o próprio caminho e a liberdade de ser, em toda a plenitude. Três personagens, com histórias e tempos distintos, entrelaçam-se numa jornada comum, desafiando regras e construindo uma corrente de emancipação que ecoa lutas de várias gerações”.

(Foto: FEUP)

Sofia Guerreiro acrescenta que receber este prémio é algo que vai guardar consigo para sempre. “É uma alegria enorme. Para mim, não é só um reconhecimento – é a prova de que o que faço com liberdade e paixão nas minhas histórias e desenhos, de alguma forma, consegue tocar outras pessoas. Sempre vi a arte como um espaço onde posso dar asas às ideias mais malucas, sem medo de experimentar. Cada linha e cada cena é uma forma de me expressar, de trazer à vida aquilo que sinto de uma maneira única. E este prémio é como ver essa liberdade que tanto prezo, sair do papel e encontrar um lugar no coração de quem lê”.

Para além dos premiados, esta primeira edição do Concurso de Escrita Criativa da FEUP atribuiu quatro menções honrosas às poesias A Palavra, de Inês da Assunção Aparício Pereira, e Memória, de Beatriz Mateus, assim como às prosas Fogo que Arde sem se Ver, de Afonso José Pereira Couto, e E se as Luas de Saturno Fossem Jaulas Metálicas?, de José Nuno Barbosa Quintas.

OS trabalhos premiados, com a exceção da Banda Desenhada,  serão publicados próximo número (dois) da Revista PÁ POESIA & OUTRAS ARTES.