Os professores Henrique Cyrne Carvalho e Paulo Correia de Sá, ambos catedráticos do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, foram nomeados Académicos Correspondentes, categoria obrigatória para ingressar na Academia Nacional de Medicina de Portugal (ANMP).
Nomeados por votação secreta, Henrique Cyrne Carvalho diz-se “lisonjeado, honrado e muito grato por esta nomeação, que significa o reconhecimento interpares de um trajeto que valeu a pena ser percorrido. A nomeação para tão distinta e reconhecida estrutura, de que fazem parte nomes maiores da intelectualidade nacional, enche-me de orgulho”, completa o diretor do ICBAS.
Paulo Correia de Sá, também diretor do Departamento Imuno-Fisiologia e Farmacologia do ICBAS, destaca a honra em estar entre a “elite da Medicina, tanto mais porque a proposta e o reconhecimento da minha intervenção pública e carreira científica nesta área do conhecimento foi atestada por individualidades nacionais de elevada craveira intelectual maioritariamente externas à Universidade do Porto, a minha instituição de origem”.
Fazer parte da Academia Nacional de Medicina de Portugal constitui “uma oportunidade para debater, junto de pessoas de grande relevo nacional e mérito intelectual, questões preminentes da atualidade e trabalhar na procura de soluções para o futuro, nomeadamente através da promoção da investigação em medicina”, expressa Henrique Cyrne Carvalho.
Expectativas reforçadas pelo também nomeado Paulo Correia de Sá: “Espero ter a oportunidade de honrar a ANMP através da minha participação ativa na estratégia definida para o futuro da Ciência Biomédica em Portugal garantindo os mais elevados padrões Científicos, Éticos e Humanistas que caracterizam a associação”.
Sobre a ANMP
Fundada em 1779, a Academia Nacional de Medicina de Portugal é uma associação científica e cultural, sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover o debate de questões médicas nacionais e internacionais e a investigação científica nos domínios da Medicina e da Biologia.
Atualmente, reúne nomes relevantes das instituições médicas portuguesas universitárias e assistenciais, públicas e privadas, integrando atualmente 100 Académicos Correspondente e 50 Académicos Titulares (eleitos de entre os Académicos Correspondentes).
Da lista dos 50 Académicos Titulares fazem ainda parte os docentes do ICBAS Rui Henrique e António de Sousa Pereira, este último antigo diretor do Instituto e atual reitor da Universidade do Porto.
Já entre os 100 Académicos Correspondentes, destaque ainda para a presença da docente do ICBAS Graça Porto, e entre os jubilados e aposentados, de Alexandre Quintanilha. Na categoria de Académicos Eméritos está por sua vez Paulo Mendo, antigo diretor do Instituto.
Sobre os nomeados
A ligação de Henrique Cyrne Carvalho ao ICBAS conta com mais de 40 anos. Foi estudante do segundo curso de Medicina do ICBAS, que concluiu em 1983. Dois anos depois, iniciou a sua atividade como docente (como Monitor da Cadeira de Medicina 1), em paralelo com a prática clínica como médico cardiologista.
Em 2001, doutorou-se em Medicina, sob orientação do cardiologista Damião Cunha. Em 2011, assumiu a regência da Unidade Curricular de Medicina 1 do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) do ICBAS, curso que dirigiu de 2016 a 2018, até assumir funções como diretor do Instituto, cargo para o qual foi reeleito em 2022. Prestou provas para o Título de Agregado em 2014.
Na qualidade de Professor Catedrático (2017), desempenhou ainda funções no Conselho de Representantes do ICBAS (2014-2018) e como membro do Conselho Científico (2014-2024), do qual é Presidente desde 2018.
Henrique Cyrne Carvalho exerceu a prática clínica no Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, onde dirigiu o Serviço de Cardiologia e o Laboratório de Hemodinâmica. Com vasto trabalho na área da Cardiologia de Intervenção, participou na realização de perto de 50 mil cateterismos cardíacos, diagnósticos e terapêuticos, e na implantação de mais de 100 próteses valvulares aórticas percutâneas. Atualmente, continua a exercer atividade clínica na Casa de Saúde da Boavista, no Porto.
Paulo Correia de Sá é licenciado em Medicina pelo ICBAS (1982-88, 6º curso), tendo realizado o seu internato Médico Geral no Hospital Geral de Santo António. Iniciou a sua carreira científica em 1984 no Instituto Gulbenkian de Ciência (Oeiras) pela mão de Joaquim Alexandre Ribeiro, tornando-se monitor de Farmacologia do ICBAS, em 1985.
Doutorou-se em Ciências Biomédicas – especialidade de Farmacologia no ICBAS-UP, em 1994, e, durante cerca de seis anos, exerceu a sua prática clínica como médico residente da especialidade de Ortopedia e Traumatologia no CHVNGaia (1994-99). A partir de 2000, dedica-se em exclusivo à docência e à investigação: prestou provas de agregação em 2006 e torna-se professor catedrático do ICBAS em 2007.
As suas contribuições nas áreas científicas da Farmacologia e Neurociências incluem a publicação de mais de uma centena de artigos científicos em revistas internacionais indexadas, a captação de financiamento superior a 4 milhões de euros para o ICBAS em projetos nacionais e internacionais competitivos e a orientação de mais de 20 teses de doutoramento já concluídas.
Foi Vice-Presidente (2009-13) e Presidente (2013-16) da Sociedade Portuguesa de Farmacologia e membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Neurociências.
No ICBAS, exerceu vários cargos de direção e coordenação de cursos, nomeadamente do Mestrado em Bioquímica (2018-23). Dirigiu o Laboratório de Farmacologia e Neurobiologia e a Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB, 2005-14), unidade de I&D reconhecida pela FCT.
Atualmente, é Vice-Presidente do Conselho Científico do ICBAS, Diretor do Departamento de Imuno-Fisiologia e Farmacologia e coordenador local do Centro de Descoberta de Fármacos e Medicamentos Inovadores UPorto (MedInUP) sediado no ICBAS-UP. É também Professor Catedrático Convidado da Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane (Maputo, Moçambique).