É uma solução única e proativa que permite a correção e prevenção de lesões musculosqueléticas entre profissionais de saúde, baseada na recolha de dados em tempo real, a partir de um dispositivo wearable combinado com software de análise biomecânica avançada. Principal vantagem? A monitorização contínua do utilizador, feedback imediato e relatórios detalhados através de uma aplicação móvel. É esta a grande inovação do BodyBoost, uma tecnologia desenvolvida por investigadoras da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), do INESC TEC e da Escola Superior de Enfermagem do Porto, que acaba de ser distinguida no âmbito da linha de investigação “TRANSFIRESAÚDE – Reforçar o ecossistema euro regional de investigação e inovação no domínio da saúde”, destinada a apoiar projetos de investigação inovadores na área da saúde, sobretudo ligados à medicina personalizada e ao envelhecimento ativo e saudável.

A equipa BodyBoost, que já tinha conquistado o segundo lugar na última edição do iUP25k – Concurso de Ideias de Negócio da U.Porto, foi uma das três contempladas com 15.000 euros por esta linha de financiamento transfronteiriço que tem outra particularidade: fomentar a colaboração científica na região Norte de Portugal e Galiza, incentivando a investigação que traga benefícios concretos à saúde pública e impulsione a inovação.

“Esta verba vai ajudar-nos a alavancar a nossa ideia de negócio, viabilizando a produção de protótipos para realização de testes em larga escala, que serão conduzidos em clínicas, centros de saúde e indústrias que já demonstraram interesse e disponibilidade para participar do processo.” avança Marta Campos Ferreira, professora do Departamento de Engenharia e Gestão Industrial da FEUP e investigadora no INESC TEC.

“A tecnologia BodyBoost é diferente das soluções existentes no mercado, que são reativas e focam-se no tratamento das lesões após a sua ocorrência ou em cintas de restrição de movimento, ao atuar preventivamente e de forma não intrusiva, com especial enfoque na região lombar”, acrescenta a docente e investigadora.

A equipa BodyBoost conquistou o 2.º prémio do iUP25k 2024. (Foto: DR)

O cariz inovador do BodyBoost foi decisivo para que Marta Campos Ferreira, juntamente com Ana Sofia Teixeira, estudante do doutoramento em Engenharia Informática da FEUP e Carla Sílvia Fernandes, professora da ESEP, tenha submetido o pedido de patente relacionado com a tecnologia.

A equipa ligada ao projeto defende que a implementação desta tecnologia terá um impacto positivo significativo na sociedade ao reduzir as ausências por doença entre os profissionais de saúde e melhorando a qualidade de vida destes trabalhadores ao prevenir lesões musculoesqueléticas. Isso conduzirá também a um aumento da produtividade e eficiência no ambiente de trabalho, “objetivo alinhado com os desafios societais ao promover um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, impactando diretamente nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, defendem as investigadoras.

A solução BodyBoost insere-se no mercado de Tecnologias de Correção de Postura, avaliado em 1,1 mil milhões de dólares em 2022. Estima-se uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 8,1% ao ano, sendo esperado que atinja os 2,40 mil milhões de dólares em 2032.