O Pocket-Vet, projeto de investigação que junta investigadores do INESC TEC e docentes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, conquistou o primeiro lugar, na categoria de Segurança Alimentar e Nutricional, da 11.ª Edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação, promovido pelo Crédito Agrícola.

Liderado pelo investigador Rui Martins, do INESC TEC, e com a participação de Ricardo Marcos e Luís Pinho., ambos docentes do ICBAS, o Pocket-Vet desenvolveu uma solução tecnológica de pecuária de precisão, que utiliza inteligência artificial e espectroscopia para medir parâmetros de qualidade no leite e no sangue dos animais. Com apenas uma gota de sangue, este sistema possibilita a deteção precoce de mastites, a doença com maior custo na produção leiteira

Para Rui Martins, este sistema, “como não usa reagentes, nem necessita de condições laboratoriais, permite analisar o sangue e o leite no local de produção, permitindo aferir atempadamente condições inflamatórias e o estado de saúde do animal, com implicações diretas na qualidade do leite”.

A aplicação do sistema POC “inicialmente dirigido para a hematologia do Homem e dos pequenos animais, teve agora uma nova vertente dedicada às espécies pecuárias, versando a análise do sangue e do leite das vacas”, acrescenta Ricardo Marcos.

Detetar o aparecimento de mastites numa fase precoce é fundamental para evitar a evolução e potencial alastramento ao efetivo leiteiro. A tecnologia de espectroscopia permite determinar instantaneamente, com uma gota de sangue ou leite, o hemograma e a composição do leite, e diagnosticar uma manada de 120 animais de forma expedita e com custos muito reduzidos.

“O mais importante reconhecimento deste prémio, é o de ser desejado pelas suas bases de aplicação – onde médicos veterinários e produtores gentilmente se voluntariaram e cederam as suas explorações para os desenvolvimentos efetuados. A participação voluntária e direta dos utilizadores finais no processo de desenvolvimento tecnológico é um caso raro na investigação Portuguesa, mas é crítico para que possa existir um produto. A coparticipação na ciência por parte da sociedade é essencial para que o «deep tech» tenha impacto no nosso dia-a-dia”, nota Rui Martins.

Ricardo Marcos acredita, por sua vez, que participar neste projeto e receber esta distinção “atesta a qualidade do trabalho que tem sido desenvolvido ao longo destes anos no desenvolvimento de tecnologias POC baseadas em espectroscopia para medicina humana, veterinária e agricultura de precisão pelo INESC TEC e vai, com certeza, alavancar esta colaboração entre o ICBAS e o INESC TEC”.

Os sistemas presentes no Pocket-Vet foram desenvolvidos nos laboratórios do Centro de Robótica Industrial de Sistemas Inteligentes e TRIBE Lab do INESC TEC, em parceria com o Laboratório de Histologia e Embriologia do ICBAS. O projeto contou igualmente com a colaboração de médicos veterinários especialistas da SVAExpLeite,Lda e da Segalab – Laboratório de Sanidade Animal e Segurança Alimentar, assim como da Associação Portuguesa de Buiatria e produtores de leite associados.