Os sitaristas Abhishek Adhikary e Murchana Adhikary Barthakur, acompanhados pelo tablista Madhurjya Ranjan Barthakur, vão estar na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto para protagonizarem um concerto de música clássica indiana. Vai ser no dia 13 de dezembro, às 19h00, e tem entrada livre.
Raga é a forma fundamental de expressão da música clássica indiana e deriva da raiz ranj- (sânscrito), que significa “tingir”, ou “colorir”. Desta forma, pode-se interpretar Raga como uma melodia suscetível de deixar uma marca, de imprimir em nós um determinado sentimento ou estado de espírito.
Em torno do raga desenvolveu-se um complexo sistema melódico e rítmico que tem por objetivo promover um determinado estado de espírito, emoção ou sensação, de acordo com o raga que está a ser executado. Cada raga também pode ser associado a uma determinada estação do ano ou a um momento do dia (a manhã, o anoitecer, etc.).
Na música clássica indiana, o termo jugalbandi significa um dueto de instrumentos – geralmente diferentes – em que os executantes de um raga dialogam ao longo das secções improvisadas ou introduzem comentários ou variações nas secções fixas.
No caso deste concerto em jugalbandi, os dois instrumentos usados são o mesmo, nomeadamente o sitar, o mais conhecido de todos os instrumentos de corda indianos. O sofisticado acompanhamento rítmico é executado na tabla, um par de tambores tocados com as mãos, capaz de uma extraordinária variedade sonora: o tambor maior emite sons graves e profundos e o mais pequeno possui um timbre mais agudo e penetrante.
Sendo geralmente uma extensa peça musical, inicia-se por uma secção meditativa sem ritmo fixo (alap), a que se segue o jor, secção marcada pela introdução de uma pulsação rítmica e a apresentação da composição (gat). O desenvolvimento da composição, em torno da qual se tecem improvisações, desemboca numa secção de ritmo rápido e excitante, a jhala, evidenciando o virtuosismo dos executantes.
A exposição de um raga do Indostão (norte da Índia) pode ser bastante demorada, mas algum esforço de síntese tem vindo a ser realizado para adaptação aos ouvidos ocidentais. Para além da exposição de ragas, o concerto Sitar Jugalbandi apresentará composições mais curtas baseadas na música popular indiana e afegã. Os músicos, que são também musicólogos, guiarão a audiência pelas subtilezas de uma expressão artística milenar.
O concerto de dia 13 de dezembro tem entrada livre, ainda que sujeita à lotação da sala. A audiência será convidada a sentar-se no chão (existirão almofadas) para garantir uma linha de vista desimpedida para os concertistas. No fundo da sala, estarão também disponíveis algumas cadeiras para quem, por razões de saúde, não se possa sentar no chão.
Sobre os Sitar Jugalbandi
Tendo iniciado a jornada musical em 2009, o duo é formado por Abhishek Adhikary e Murchana Adhikary Barthakur, um casal de sitaristas oriundo de famílias de tradição musical (gharanas). Estudaram sob a orientação de destacados músicos dessas linhagens, embora tenham também recebido formação académica.
Abishhek é licenciado, mestre e doutor em Música Instrumental pela Universidade Rabindra Bharat, em Calcutá. Murchana completou os dois primeiros graus na mesma universidade e doutorou-se pela Universidade de Khairagarh, no estado de Chhattisgarh. Receberam já numerosos prémios e títulos honoríficos.
Para além da promoção da música indiana e afegã através de atuações em palco, tendo realizado mais de 500 espetáculos na Índia e no exterior, os músicos são professores de sitar e sarod no Instituto Nacional de Música do Afeganistão (ANIM), tendo acompanhado os professores e alunos desta instituição no seu exílio em Portugal devido à proibição da arte musical pelo regime talibã.
Sobre Madhurjya Ranjan Barthakur
Destacado elemento da atual geração de tocadores de tabla, que começou a tocar com três anos de idade, Madhurjya Ranjan Barthakur pertence a uma longa linhagem de músicos. Tal como os mestres do sitar que acompanha neste concerto, é licenciado e mestre pela Universidade Rabindra Bharat, e são muitas as distinções honoríficas e os prémios que já recebeu.
Para além de numerosas atuações na Índia, apresentou-se em festivais no Reino Unido, França, Espanha, Portugal, Albânia e Uzbequistão.
É professor e diretor artístico da escola de música Chaulkhowa Sangeet Mahavidyalaya, em Assam, professor visitante na Universidade de Dibrugarh e no Instituto Nacional de Música do Afeganistão.