São sete esculturas em bronze e madeira e sete desenhos em tinta da china de Sílvia Patrício que dão contorno a sete contos inéditos de Gonçalo M. Tavares. Deste diálogo criativo entre o escritor e a artista, resultam Sete Contos Esculturas, título da exposição que estará patente ao público de 12 de dezembro a 23 de fevereiro de 2024, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto.
São sete esculturas e desenhos em tinta da china, mas não só. Aliás, o processo nem começa aqui. Começa na palavra escrita e suas potencialidades. No emaranhado e complexo processo da máquina que produz imaginários. Que faz reverberar cheiros e expressões. Que cria personagens e os coloca a dançar, ou a verem-se ao espelho…
Não conhecendo (ainda) os contos inéditos de Gonçalo M. Tavares, também se pode fazer o exercício ao contrário: quantas histórias encerra uma escultura? Que narrativas poderemos extrair com base na forma, cor, textura e expressão de uma personagem que se ergue e fixa na solidez do bronze?
“Uma mulher e um homem, os dois completamente nus, dançam no meio de uma sala” é a frase que acompanha dança, palavra que nomeia uma das esculturas. O texto de Gonçalo M. Tavares confirma que são “dois corpos muito juntos”. Dançam ao som de “um tango lento, uma música de enamoramento”. Apurando o tempero à imaginação, acrescenta que “nunca vemos os rostos de maneira a percebermos qual o estado do espírito dos dois dançarinos”.
Outros enredos se adensam quando vemos, por exemplo, um homem, nascido do gesto de Sílvia Patrício, que coloca uma máscara de gás na cara e ainda um piano que aparece “com as teclas todas partidas”. Gonçalo M. Tavares acrescenta apenas que está “rodeado de água, talvez num pequeno lago… ”
O projeto nasceu de um repto lançado pela artista ao escritor. “Já conhecia a obra e admirava o seu trabalho. Desde O Atlas do Corpo e da Imaginação, que para mim representa um ginásio para o meu pensamento, aos outros livros, infindáveis histórias que ele nos conta…” E a ideia seria, então, a escrita de sete histórias que Sílvia Patrícia iria materializar “em formas, com vida para além das palavras”.
A ser apresentado em breve, o catálogo da exposição reproduz os contos, assim como as esculturas. Dá um contorno a cada história, sendo que, até 23 de fevereiro,… As esculturas e os desenhos permanecem disponíveis para que outros olhares lhes possa conferir um novo sentido.
A exposição Sete Contos Esculturas tem entrada livre.
Sobre Sílvia Patrício
Nascida na cidade de Vincennes, França, Sílvia Patrício (1974) é uma artista plástica formada pela Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha em 2000. Desde 1997 que realiza exposições individuais e coletivas a nível nacional e internacional, nomeadamente em Espanha (Salamanca), em França (Paris) e em Macau.
Ao longo dos anos tem realizado encomendas nas áreas de pintura, escultura e peças de integração arquitetónica. As suas obras estão presentes em coleções públicas e privadas.
Sobre Gonçalo M. Tavares
Poeta, professor universitário e romancista português, Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970, em Luanda, Angola. Com o fim da guerra colonial, a família instalou-se em Aveiro, cidade onde o escritor passou a infância.
Tem livros publicados em mais de 40 países, sendo que o Jerusalém foi incluído na edição europeia dos “1001 livros para ler antes de morrer – um guia cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos”.
Recebeu, ao longo da carreira, inúmeras distinções como: o Prémio José Saramago, o Prémio LER/Millennium BCP; o Prémio Branquinho da Fonseca, o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores “Camilo Castelo Branco”.