A Fundação Grünenthal distinguiu dois trabalhos desenvolvidos na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), no âmbito da edição de 2023 do Prémio Grünenthal Dor, o galardão que reconhece a excelência na investigação sobre dor em Portugal.
Os dois trabalhos premiados vão receber um apoio monetário individual no valor de 7.500 euros e destacam-se nas áreas de investigação clínica e básica, os quais oferecem novas perspetivas sobre a dor crónica e inflamatória.
Na categoria de investigação clínica, a investigadora Joana Barroso foi premiada por um trabalho inovador que explora a forma como a anatomia cerebral subcortical pode prever a persistência da dor após a substituição total do joelho em pacientes com osteoartrite.
O estudo intitulado “Subcortical brain anatomy as a potential biomarker of persistent pain after total knee replacement in osteoarthritis” destaca o papel crucial de regiões como a amígdala e o hipocampo na dor pós-cirúrgica, “desafiando a visão tradicional de que a dor da osteoartrite está limitada às articulações”.
Distinção para estudo sobre a serotonina
Já o galardão na área de investigação básica foi atribuído a Raquel Pereira-Silva, que desenvolveu os trabalhos conducentes à sua dissertação de Doutoramento na FMUP, dos quais resultou um estudo sobre a função dos recetores de serotonina 5-HT3R na modulação descendente da dor, num modelo animal de dor articular inflamatória crónica.
Neste projeto, os resultados revelam que “a ativação destes recetores é fundamental tanto na facilitação da nocicepção como na modulação dos controlos inibitórios da dor”. Em particular, o estudo mostra que “os recetores de serotonina 5-HT3R participam também nos mecanismos de controlos inibitórios de estímulos nóxicos difusos, que estão ainda estão mal compreendidos, o que permite novas possibilidades para o tratamento da dor crónica”.
Além da primeira autora, o prémio atribuído ao estudo “Role of Spinal 5-HT3 receptors in the mediation of the diffuse noxious inhibitory controls in chronic joint inflammatory pain” distinguiu ainda a equipa constituída por Isabel Martins e Fani Neto, professoras e investigadoras da FMUP, bem como Paula Serrão, que também contribuiu para o estudo através da realização de uma técnica para quantificação de serotonima em tecido da medula espinhal do modelo animal.
Sobre o Prémio Grünenthal DOR
Instituído em 1999, este prémio, concedido anualmente pela Fundação Grünenthal, visa apoiar o progresso na investigação e tratamento da dor. O galardão distingue trabalhos de investigação básica e clínica desenvolvidos em Portugal por médicos e outros profissionais de saúde.
A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se no passado mês de outubro, durante o IX Encontro de Unidades de Dor da APED, na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.