A investigadora Joana Catarata, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), é a vencedora do Prémio Robalo Cordeiro 2024, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Pneunologia (SPP). No valor de dez mil euros, este galardão é atribuído anualmente com o objetivo de distinguir uma nova geração de cientistas que se dedicam à investigação na área respiratória.

Este projeto de investigação está a ser desenvolvido por Joana Catarata e por Maria Inês Almeida, investigadora do i3S e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), e que é co-PI do projeto. Conta ainda com a participação de pneumologistas da ULS Braga e estudantes de mestrado e doutoramento do grupo do i3S «Tumour and Microenvironment Interactions», liderado pela investigadora Maria José Oliveira.

Em conjunto, sublinha Joana Catarata, “vamos explorar o papel dos microRNAs (miRNAs) como reguladores-chave e potenciais biomarcadores em doentes com cancro do pulmão com metástases ósseas ou derrame pleural maligno”.

“Tendo em conta o papel crítico dos miRNAs na regulação da expressão genética e na progressão do cancro, a nossa hipótese é que assinaturas específicas de miRNA podem desempenhar um papel duplo como biomarcadores de prognóstico e como alvos terapêuticos para inibir a metastização óssea e pleural no cancro do pulmão”, acrescenta Maria Inês Almeida.

O nosso objetivo, salienta Joana Catarata, “é desenvolver ferramentas de diagnóstico baseadas em miRNA que possam fornecer estratégias de tratamento personalizadas e melhorar os resultados clínicos para doentes com cancro do pulmão com doença óssea e pleural maligna”.

“Esperamos dar o nosso contributo para o avanço da ciência”

O Prémio Robalo Cordeiro 2024 foi atribuído durante o 40.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, que decorreu entre 14 e 16 de novembro, em Lisboa.

Para Joana Catarata, que já tinha vencido o Prémio Robalo Cordeiro em 2018, bem como o Prémio Thomé Villar SPP/Boehringer Ingelheim (2019), esta nova distinção por parte da SPP “permite-nos continuar a trabalhar na deteção precoce e em tratamentos personalizados para doentes com cancro do pulmão com doença óssea e pleural maligna. Vai também ajudar a criar um cohort de doentes de patologia pleural maligna”, explica a investigadora do i3S e pneumologista na ULS Braga.

Desta forma, acrescenta, Joana Catarata, “esperamos dar o nosso contributo para o avanço da ciência e melhoria da prática clínica na oncologia torácica”.

Sobre o cancro do pulmão com doença pleural maligna e óssea

O derrame pleural maligno (DPM) é uma complicação relativamente frequente, podendo afetar até 15% dos doentes oncológicos. A incidência tem vindo a aumentar como consequência do aumento da incidência global de cancro e do aumento da sobrevivência global.

A presença de derrame pleural maligno está associada a doença metastática e, consequentemente, a uma baixa sobrevivência. O cancro do pulmão é a causa mais comum, sendo responsável por quase 1/3 dos derrames pleurais malignos, seguido do cancro da mama, linfoma e ovário.

As metástases ósseas no cancro do pulmão constituem o terceiro local mais comum de metastização e podem causar complicações graves à medida que a doença progride. Estas complicações afetam a coluna vertebral e a integridade dos ossos, e provocam alterações metabólicas que podem comprometer a capacidade funcional.

A deteção precoce de metástases ósseas é crucial para uma intervenção atempada por forma a melhorar a qualidade de vida e o prognóstico dos doentes com cancro do pulmão.