Cerca de uma centena de pessoas juntaram-se, no passado dia 27 de novembro, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, para participar no Encontro “Para Além do Papel de Doente: Reformulando a Investigação Juntos, da Investigação Pré-clínica até à Prestação de Cuidados de Saúde”, uma iniciativa que visou encontrar estratégias para envolver os doentes, desde o primeiro momento, no processo de desenho e implementação de ensaios clínicos.

De acordo com Mário Santos, docente do ICBAS e diretor do Centro Académico Clínico (CAC) ICBAS-Santo António, esta reunião teve, na sua origem, objetivos muito concretos que passam por integrar o doente como uma “voz ativa” nos processos de investigação biomédica.

No discurso de abertura do encontro, Mário Santos destacou algumas das premissas que estiveram em cima da mesa: “A investigação deve ser feita com os doentes e não para os doentes. Por isso, com este encontro, pretendemos responder a questões fundamentais para a concretização deste princípio. Queremos saber como podemos integrar de forma sistemática e estrutural a voz dos doentes nos processos de investigação clínica, como é que os doentes querem participar nestes processos, e para isso debater boas práticas nacionais e internacionais que possamos vir a adotar neste âmbito”.

A investigação biomédica centrada no doente tem vindo a ganhar força a nível global, mas a sua consolidação depende da promoção de um diálogo estruturado e inclusivo entre todos os intervenientes. Neste sentido, ao longo do encontro vários foram os desafios levantados por representantes de doentes, como a importância de disseminar resultados de investigação, ou a necessidade de encontrar e diversificar as fontes de investimento.

Foram ainda debatidos aspetos relacionados com a proteção de dados, que foram encontrando resposta nas intervenções dos participantes – desde profissionais de saúde a agências reguladoras, até financiadores e decisores políticos.

Para o diretor do CAC ICBAS-Santo António, o balanço do encontro é “bastante positivo” e revelador do “interesse e disponibilidade das associações de doentes em fazer parcerias que promovam o acesso dos doentes aos processos de decisão, implementação e disseminação de evidência na investigação científica”.  Tanto que “iremos em breve concretizar projetos de investigação em parceria com os doentes”, concluiu.

(Foto: ICBAS)

“Os CAC são uma peça fundamental”

Os centros académicos clínicos (CAC) existem desde 2016 e, de acordo com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, são organizações fundamentais na sua “dimensão assistencial, académica e de investigação”.

No discurso de encerramento da primeira parte deste encontro, a governante frisou que “a investigação clínica é fundamental num país que quer ser desenvolvido que procura uma medicina de excelência e um país com maturidade na área das tecnologias da saúde”, acrescentando que “os CAC são uma peça fundamental neste ecossistema.”

O encontro “Para Além do Papel de Doente: Reformulando a Investigação Juntos, da Investigação Pré-clínica até à Prestação de Cuidados de Saúde” foi uma organização conjunta entre o CAC ICBAS-Santo António e a Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) do ICBAS.