O projeto HYDEA, desenvolvido na Secção de Hidráulica, Recursos Hídricos e Ambiente do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), acaba de ser distinguido com o prémio europeu Atlantic Project Award – na categoria Portos do Atlântico e Economia Azul -, atribuído pela Comissão Europeia, através da Direção-Geral dos Assuntos Marítimos e das Pescas (MARE),

A distinção, entregue no passado dia 22 de novembro, em Bordéus,  no âmbito da Atlantic Week, reconhece o trabalho desenvolvido no âmbito deste projeto de cooperação transnacional na área da construção naval e gestão portuária, com o apoio de fundos europeus por instituições portuguesas em projetos internacionais, nomeadamente com parceiros espanhóis, franceses e irlandeses.

Em Portugal, a FEUP e a APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, S.A. fazem parte do projeto HYDEA, que é liderado pela Fundación Centro Texnolóxico de Eficiencia e Sostenibilidad de Eficiencia Energética (EnergyLab), em Vigo. Esta parceria aposta em projetos piloto para a integração de energias limpas nos portos de Brest (França), Leixões (Portugal), Vigo e Sevilha (Espanha), nomeadamente potenciando a utilização de hidrogénio nas operações marítimas.

A missão do HYDEA

Avaliado em 3.43 milhões de euros (dos quais 2,57 milhões são provenientes da Interreg Atlantic Area), o HYDEA visa acelerar a implantação e a utilização de tecnologias verdes baseadas no hidrogénio, de forma integrada com as energias marinhas e outras energias renováveis nos Portos do Atlântico, para contribuir para o duplo objetivo de eficiência energética e de uma economia energética descarbonizada.

O projeto centra-se na superação de barreiras e obstáculos à adoção do hidrogénio no ecossistema portuário, melhorando o conhecimento e as capacidades de várias partes interessadas, apoiando a investigação e desenvolvimento, assim como a sua transferência através de demonstrações de várias tecnologias-piloto ao longo da cadeia de valor do hidrogénio, avaliando modelos de negócio viáveis e criando estratégias para que estes portos e os decisores políticos desempenhem um papel significativo na economia do hidrogénio.

Para o investigador principal do projeto HYDEA na FEUP, Paulo Rosa Santos, esta distinção adiciona uma motivação extra para a equipa. “Este prémio europeu vem reconhecer, por um lado, a atualidade e a relevância do tema e dos desafios que se colocam às infraestruturas portuárias europeias no que concerne à transição energética, autossuficiência energética e descarbonização das suas atividades, e, por outro lado, a qualidade do trabalho técnico-científico que vem sendo realizado pelo consórcio, coordenado pelo Centro Tecnológico EnergyLab e que inclui dez portos europeus, várias universidades, centros de R&D e empresas. Este prémio contribuirá certamente para aumentar o entusiasmo e a motivação da equipa da FEUP”.

A fase inicial de mapeamento de iniciativas a nível internacional ligadas ao hidrogénio (em curso e planeadas), bem como de caracterização do cenário atual em termos tecnológicos, e dos desafios e oportunidades para os portos marítimos do Espaço Atlântico, foi concluída recentemente, sob a coordenação da equipa da FEUP.

No que toca ao futuro do projeto, que ficará concluído até 2026, Paulo Rosa Santos aponta para uma contribuição importante do HYDEA para a transição sustentável dos portos marítimos: “Estamos neste momento a iniciar uma nova fase, coordenada pela France Energies Marines, que visa a definição de caso de estudos, modelos de negócio e ferramenta de suporte à decisão. Nesta fase pretende-se definir casos de uso do hidrogénio nos portos, estimar a sua contribuição para equilibrar a utilização de energias renováveis, assim como avaliar a disponibilidade da indústria para satisfazer os requisitos do setor portuário e o compromisso político para a descarbonização dos portos.”

Simultaneamente está também em curso o desenvolvimento de soluções e demonstradores de tecnologias baseadas no hidrogénio para implementação nos portos, coordenado pelo EnergyLab. Neste contexto, a equipa da FEUP está a trabalhar diretamente com a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, no desenvolvimento de tecnologias inovadoras para demonstração no Porto de Leixões.

A equipa da FEUP é constituída por investigadores da Secção de Hidráulica, Recursos Hídricos e Ambiente (SHRHA) do Departamento de Engenharia Civil e Georrecursos (DECG), nomeadamente Paulo Rosa Santos, Francisco Taveira Pinto, Daniel Clemente e Moeketsi Lawrence Duiker, e do Departamento de Engenharia Química e Biológica (DEQB), nomeadamente Adélio Mendes, Tânia Lopes e Cátia Azenha.

Interreg Atlantic Area: de mãos dados com a coesão

O Atlantic Project Award tem vindo a distinguir anualmente iniciativas excecionais, colaborações bem-sucedidas e realizações relevantes para a implementação do Plano de Ação Atlântico 2.0 no território europeu. Os prémios são organizados pelo Comité de Estratégia do Atlântico, apoiado pelo Mecanismo de Assistência ao Atlântico, uma iniciativa da Comissão Europeia, através da Direção-Geral dos Assuntos Marítimos e das Pescas (MARE).

Para António Cunha, Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N, I.P.) e da Autoridade de Gestão do Interreg Atlantic Area, a atribuição deste galardão acontece  numa altura em que as regiões europeias merecem ser reconhecidas pelos bons resultados apresentados nos últimos anos ao nível da política de coesão.

“Os prémios atribuídos pela Comissão Europeia atestam o mérito não só dos promotores que executam o financiamento europeu, mas também das instituições com décadas de experiência no planeamento e programação regional”, refere o resposnável.

O Interreg Atlantic Area é um programa europeu de cooperação transnacional, que, no período 2021-2027, está a executar 113 milhões de euros de financiamento comunitário. A verba é aplicada a investimentos realizados em parceria entre instituições públicas e pequenas e médias empresas de Espanha, Irlanda, França e Portugal.

Até à data, já foi aprovada a execução de 71 milhões de euros, com o apoio de 53 milhões de fundo europeu, a 27 projetos em áreas como a economia azul, o ambiente, o turismo sustentável e a cultura, com mais de 300 parceiros a implementarem diferentes ações.

Para além do HYDEA, também o projeto BLUESKILLING INNOVATION, do Instituto Superior Técnico, foi distinguido com o Atlantic Project Award, sendo ambos apoiados pelo Interreg Atlantic Area.