São já conhecidos os vencedores da 29.ª edição dos Prémio REN, que premeia anualmente as melhores teses de mestrado na área da energia. Leonardo Fernandes e Luís Rodrigues, antigos estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), garantiram, respetivamente, o primeiro e segundo lugares do galardão, concorrendo com trabalhos ligados ao hidrogénio verde.

Apesar de o hidrogénio verde ser uma das tecnologias relevantes para a transição energética, representa ainda um desafio pelo que “o envolvimento da academia é essencial para acelerar a curva de aprendizagem”, como afirma a secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, que esteve presente na cerimónia de entrega dos prémios.

O trabalho de Leonardo Fernandes, alumnus de Engenharia Mecânica e atual investigador na FEUP, simula as condições de escoamento de misturas de gás natural e hidrogénio nos gasodutos. “Do ponto de vista económico, é insustentável substituir imediatamente a atual infraestrutura de gás natural por uma de hidrogénio” e, do ponto de vista técnico, há restrições. Desde logo, “o hidrogénio pode induzir corrosão e a fragilização no material do tubo”, que normalmente são feitos de aço.

“O hidrogénio é três vezes menos denso volumetricamente em energia que o gás natural” e “nove vezes menos denso que o gás natural”, avança Leonardo Fernandes, existindo ainda um maior risco de fuga de hidrogénio, por ser “uma molécula muito pequena”.

A tese de mestrado vencedora do Prémio REN, que arrecadou 25 mil euros, foi orientada por Abel Rouboa, docente no Departamento de Engenharia Mecânica da FEUP, e Lucas Marcon, investigador no Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI).

O segundo lugar, com um prémio no valor de 15 mil euros, foi atribuído ao projeto de Luís Rodrigues, alumnus de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, cuja orientação ficou a cargo do docente Tiago Soares e do Professor Emérito da U.Porto Vladimiro Miranda.

A investigação premiada centra-se no “no estudo e simulação do funcionamento de uma central de produção de hidrogénio para a produção de energia e fornecimento de vários clientes” e na sua viabilidade técnico-económica.

“A reação à urgência climática far-se-á explorando complementaridades entre os vetores energéticos eletricidade e hidrogénio verde. As dissertações de mestrado da FEUP, que dominaram o Prémio REN, são o exemplo claro dessa resposta ao nível da comunidade académica e científica”, elucida João Peças Lopes, presidente do júri do galardão e Professor Catedrático do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da FEUP.

A edição deste ano do Prémio REN atribuiu ainda três Menções Honrosas , uma das quais a Pedro Guimarães, antigo estudante de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da FEUP, pelo seu trabalho acerca da otimização de comunidades circulares de energias renováveis para a agricultura.

Sobre o Prémio REN

Criado em 1995 pela empresa Redes Energéticas Nacionais (REN), o Prémio REN é o mais antigo desta natureza em Portugal e tem evoluído de modo a incorporar os desenvolvimentos e transformações que o setor da energia tem vivido ao longo dos anos.

Começando por ser um prémio destinado aos melhores estudantes de redes e sistemas elétricos, o galardão incorporou posteriormente o gás natural, passando, mais recentemente, a abranger os candidatos provenientes de um espetro alargado de áreas.

Só nas últimas quatro edições (2020, 2021, 2022 e 2023), o Prémio REN distinguiu dez teses de mestrado e doutoramento assinadas por alumni da FEUP.