Depois de ter visto o seu trabalho ser premiado na mais recente edição do IJUP, Cecília Ferreira, estudante do Mestrado em Bioquímica da Faculdade de Ciências (FCUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, a desenvolver investigação no grupo «Nanomedicines and Translational Drug Delivery», do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S), foi novamente distinguida na 16.ª edição da iMed Conference, onde arrecadou o Prémio “Innovate Competition” na categoria de Investigação Translacional (formato poster), financiado pela Fundação AstraZeneca.
Sob orientação da investigadora Cláudia Martins, que também integra o grupo «Nanomedicines and Translational Drug Delivery», liderado por Bruno Sarmento, a estudante de mestrado tem desenvolvido “um novo modelo in vitro de glioblastoma, ou seja, um modelo criado artificialmente em laboratório com o objetivo de acelerar o processo de teste e validação de potenciais novos fármacos”.
O glioblastoma é o tumor cerebral com maior taxa de mortalidade e clinicamente mais agressivo em adultos. A isto junta-se o facto de não existirem atualmente estratégias terapêuticas adequadas e eficazes, pelo que o trabalho de Cecília Ferreira adquire particular importância.
“O modelo artificial de glioblastoma que nos propomos a desenvolver vai apresentar um formato “multi-camada”: a camada superior irá representar o cérebro com o tumor (glioblastoma), enquanto a camada inferior irá representar a corrente sanguínea. Entre as duas camadas teremos uma recriação da barreira altamente complexa que separa o cérebro do sangue. Esta barreira, denominada barreira hemato-encefálica, protege o cérebro de agentes agressores, mas, inevitavelmente, também não autoriza a passagem dos fármacos necessários para combater doenças cerebrais, como é o caso do glioblastoma”, explica a jovem investigadora.
O modelo que a equipa está a criar em laboratório “vai permitir realizar múltiplos testes de permeabilidade (do sangue para o cérebro) e eficácia de novos fármacos, com um elevado valor preditivo e grau de relevância fisiológica”. Isto significa, acrescenta Cecília Ferreira, que “vai permitir, desde cedo, identificar os candidatos potencialmente mais promissores”.
Espera-se também que o trabalho “contribua ativamente para a política dos 3Rs (reduzir, substituir e aprimorar, do inglês «reduction, replacement, refinement»), com uma melhor gestão do número necessário de testes posteriores em animais”.
“Uma motivação para continuar a crescer no mundo da ciência”
A investigação agora premiada deu os seus primeiros passos quando Cecília Ferreira ainda era estudante da Licenciatura em Bioquímica (FCUP/ICBAS) – que concluiu em 2023 -, e constituirá o “suporte preliminar” da dissertação de mestrado que está a desenvolver.
Para a estudante, o prémio atribuído na 16.ª edição da iMed Conference tem, por isso, um “significado muito especial”, uma vez que representa o “reconhecimento do valor científico e dedicação pessoal a este projeto, no qual acredito muito. Nos dois últimos anos, que coincidiram com o final da minha Licenciatura e início do meu Mestrado, tive de conciliar o desenvolvimento deste trabalho com aulas e avaliações, pois não queria deixar de me dedicar a um projeto de investigação em que tenho tanto orgulho”, diz.
“No meio de tantos e tão bons trabalhos, o facto do meu projeto ter sido reconhecido como o melhor é uma honra e uma motivação para continuar a crescer no mundo da ciência”. Além disso, adianta Cecília Ferreira, “este prémio vai-me permitir continuar a desenvolver este trabalho”