A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) acolhe, no dia 29 de novembro, a iniciativa “AI in Digestive Healthcare: Shaping the Future”, que deverá contar com palestrantes de renome internacional, como Jonathan Leighton, presidente do American College of Gastroenterology.

Este será o primeiro evento científico integrado nas comemorações do bicentenário do ensino médico no Porto, que arrancam simbolicamente a 25 de novembro (data em que se iniciaram as aulas na Real Escola de Cirurgia do Porto, em 1825) e que se estenderão até ao final de 2025.

“O evento é motivado pela necessidade de explorar e partilhar as mais recentes inovações no uso da inteligência artificial (AI) em cuidados digestivos, com foco na aplicação prática de tecnologias que estão a transformar a prática clínica”, explica Miguel Mascarenhas, professor da FMUP que preside à organização.

Organizado em parceria pela FMUP e a Medtronic, este evento “oferece uma plataforma para discutir como a AI está a moldar o futuro da Gastroenterologia e Endoscopia, fornecendo benefícios concretos tanto para médicos como para pacientes, em prol de uma prática clínica mais sustentável”.

Os principais objetivos são “proporcionar uma visão abrangente das atuais aplicações de AI nos cuidados digestivos, fomentar a discussão entre líderes da área e profissionais de saúde e criar uma rede de colaboração entre diferentes stakeholders”.

A iniciativa visa também “promover o avanço da AI na Medicina através de apresentações de casos reais, o debate de desafios éticos e regulatórios e a partilha de experiências entre instituições académicas e clínicas, de modo a fomentar uma colaboração multidisciplinar na implementação de AI no setor clínico”.

Entre os intervenientes, destacam-se Miguel Mascarenhas, que dará a palestra de abertura sobre “AI in Digestive Healthcare”, Jonathan Leighton, presidente do American College of Gastroenterology, que discutirá as aplicações atuais e os passos futuros da AI na Gastroenterologia, bem como referências de institutos reconhecidos em diversas subespecialidades endoscópicas (NYU Langone Health, Hospital das Clínicas, Wake Forest University, Hospital de La Princesa, NHS Liverpool Hospital, entre outros).

Outros momentos-chave incluem apresentações práticas de tecnologias como o SmartCholangio (desenvolvida no ambiente da FMUP) e o GI Genius (Medtronic) e o debate com representantes de instituições de saúde nacionais e internacionais sobre o plano estratégico da AI nos cuidados de saúde.

FMUP “na vanguarda” da integração da AI em gastrenterologia

Como sublinha Miguel Mascarenhas, “a AI está a ser integrada em várias áreas dos cuidados digestivos, incluindo a deteção precoce de lesões em exames endoscópicos, como a colonoscopia, e na análise avançada de imagens de órgãos como o fígado e pâncreas”.

Em Portugal, há instituições a explorar ativamente estas tecnologias, “com a FMUP na vanguarda”, mas “a adoção generalizada destas tecnologias ainda está em crescimento. O futuro aponta para uma maior automatização de procedimentos clínicos, com a AI a desempenhar um papel crucial na precisão diagnóstica e na personalização de tratamentos”.

Nos cuidados de saúde digestivos, as aplicações da AI incluem “a identificação de tumores, pólipos e outras anomalias em exames endoscópicos, assistindo os médicos na tomada de decisões e aumentando a eficácia dos diagnósticos”. Entre os benefícios estão “a maior acuidade de deteção e diferenciação de lesões, redução de erros humanos, menor dependência da subjetividade humana e, consequentemente, um processo de diagnóstico mais rápido”.

No entanto, “a AI ainda apresenta desafios como a integração destas tecnologias nas infraestruturas existentes, a necessidade de formação adequada para os profissionais de saúde e a resolução de questões éticas”.

No setor público, a AI poderá contribuir para “uma gestão mais eficiente dos recursos, permitindo diagnósticos mais rápidos e tratamentos personalizados”. A AI pode ainda “ajudar a reduzir a sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde, especialmente em áreas com falta de recursos, e a melhorar os resultados clínicos”.

Além disso, “a AI está a criar novas oportunidades de carreira. À medida que a AI se torna uma parte integral dos cuidados de saúde, os médicos e novos profissionais emergentes terão a oportunidade de liderar a implementação de tecnologias inovadoras, participar em investigação multidisciplinar e desenvolver competências em análise de dados e gestão de tecnologia médica”.

A equipa de Miguel Mascarenhas está a trabalhar em projetos que visam melhorar a precisão e eficiência no diagnóstico de lesões pancreáticas, anorretais e das vias biliares”. Pretende-se ainda “expandir a AI a mais áreas clínicas, como Ginecologia e Cirurgia Geral, e garantir que estas inovações estejam amplamente acessíveis em hospitais a nível global”.

“A nossa ambição é continuar a liderar a transformação digital na Gastroenterologia através da AI, promovendo melhores resultados clínicos e uma maior qualidade de vida para os pacientes”, conclui.

Tendo como palco o Auditório do Centro de Investigação Médica da FMUP (CIM-FMUP), este evento envolve a FMUP, a Medtronic e a U.Porto spin-off Digestaid, contando com o patrocínio científico da Sociedade Portuguesa de Coloproctologia (SPCP), da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) e da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED), bem como do CINTESIS.

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