CIDAAD – Ciclo de Cinema Alemão é o título de um ciclo organizado pelo DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Académico), em colaboração com o Goethe-Institut Portugal, que vai decorrer durante os meses de novembro e dezembro, sempre às 18h00, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto.
É um convite para vir ao cinema, claro, sendo que é também uma proposta de reflexão sobre as dinâmicas sociais, mais ou menos explícitas, que nos rodeiam. O CIDAAD pretende colocar-nos perante equações de poder. Quem o detém é, ou não, tentado a abusar da sua posição de domínio perante o outro? E quem tem pouco ou nenhum poder acaba, ou não, por ser ignorado, marginalizado e até, por vezes, prejudicado?
O ciclo arranca a uma terça-feira, ou seja, dia 5 de novembro, com The Ordinaries (2023). Este filme, de Sophie Linnenbaum, coloca-nos nos bastidores da indústria cinematográfica, ao lado de personagens que, mergulhados num ambiente hostil, se confrontam com diferentes formas de injustiça e lutam todos os dias pela sobrevivência. Uma proposta que nos leva a pensar na construção da ordem social, na história e em quem a conta.
Na terça-feira da semana seguinte, dia 12 de novembro, será exibido um “clássico” dos filmes de crime e mistério, que chegou a ser proibido pelos nazis antes até da estreia, em 1933: The Testament of Dr. Mabuse, de Fritz Lang. Um “manual de crimes” deixado por Dr. Mabuse (Rudolf Klein-Rogge), personagem que manipula as pessoas ao seu redor e continua a espalhar medo e terror, mesmo após a morte. Neste filme, o foco está nas estruturas de poder totalitárias e nos limites éticos das ambições humanas.
Na mesma semana, dia 18 de novembro, apresentamos Berlin Alexanderplatz (2020). Esta ficção de Burhan Qurbani leva-nos até ao universo de uma vida que se constrói nas margens da sociedade. Francis é um apátrida a viver na capital alemã, sem autorização para trabalhar. Uma viagem sombria pelo exílio, captado de forma autêntica e atmosférica na cidade de Berlim. Um filme a inaugurar o tema da migração na Alemanha, da integração, da identidade e do impacto destas questões sobre os protagonistas e a sociedade que os recebe.
Saltamos para dezembro, mais especificamente para o dia 3 que calha a uma terça-feira, para ficar com a projeção de Part-Time Work of a Domestic Slave (1973), de Alexander Kluge.
Este segundo filme do realizador germânico traz até nós a desafiante vida de uma enfermeira que, numa sociedade ameaçada por uma forte globalização, e para sustentar a família, faz a gestão de uma clínica ilegal de abortos. Após o filme, abrir-se-á espaço para um debate com Rita Capucho (Porto Femme), Katharina Baab (DAAD) e José Rios (Goethe-Institut Portugal).
Na terça-feira seguinte, dia 10 de dezembro, passa Love, Deutschmarks and Death, de Cem Kaya (2022). Este ensaio documental é uma aula sobre a história contemporânea turco-alemã: trabalhos em linhas de montagem, saudades de casa, a vinda das famílias, xenofobia e racismo. Tudo isto contado por músicos. O filme vai fazer emergir editoras de cassetes, assim como bandas de casamento que também cantam em curdo e árabe para satisfazer o mercado. O interesse pela cultura popular turca são temas recorrentes na obra de Cem Kaya. Após a sessão ficaremos com um debate que contará com a presença de Bruno Vial; Katharina Baab (DAAD) & José Rios (Goethe-Institut Portugal)
O último filme do ciclo vai ser exibido dia 17 de dezembro. Fitzcarraldo, de Werner Herzog (1982), apresenta-nos uma personagem excêntrica, obcecada com a ideia de construir uma grande casa de ópera no meio da floresta amazónica. Para tal, desenvolve um plano em que centenas de índios terão de transportar o enorme navio por uma encosta intransponível da floresta tropical…
Entre clássicos e obras modernas do cinema alemão, este ciclo irá propor testemunhos culturais que são também convites à reflexão crítica e ao diálogo sobre questões sociais e culturais contemporâneas. Todos os filmes serão exibidos na língua original com legendas em inglês.
A entrada é livre, ainda que recomendada a maiores de 16 anos.