Ver, pensar, colocar questões e partilhar ideias sobre um universo tão peculiar como o de Franz Kafka. Nos dias 24, 25 e 26 de outubro, é este o desafio que a Universidade do Porto, o Coliseu Porto Ageas e a Universidade Lusófona (Porto) lançam à comunidade, como forma de assinalar o centenário da morte do escritor checo. Para isso, preparou-se um programa em torno da vida e obra de Kafka, onde não faltam o cinema, uma conversa e um colóquio sobre teatro.
Começamos pelo fim e com cinema. É, provavelmente, um dos seus livros mais famosos (juntamente com A Metamorfose e O Castelo) e Orson Wells é o responsável pela declinação cinematográfica. O Processo conta-nos a história de Joseph K., um bancário e funcionário exemplar que, no dia em que completa 30 anos, é detido por dois guardas, no próprio quarto. Agentes de uma autoridade que se vem a revelar inacessível, não só tomam o seu café, como o acusam de tentativa de suborno. São estes os ingredientes para uma espécie de “anatomia do absurdo” durante a qual Joseph K. é alvo de um longo e incompreensível processo, resultado de um crime que nunca chega a ser esclarecido. O Processo é um dos trabalhos literários com responsabilidade direta na criação do termo “Kafkiano”, associado a situações burocraticamente labirínticas e incompreensíveis.
O Processo, de Orson Wells, passa sábado, dia 26 de outubro, às 18h00, no auditório da Casa Comum (à Reitoria) da U.Porto. O filme será comentado por Katharina Baab tendo como guião textos escritos por Vera Schneider que, embora não possa estar presente, o seu conhecimento especializado e o seu apoio serviram de base para a elaboração da introdução que irá ser apresentada nesta sessão.

Retirado de “O Processo”, de Orson Wells
No entanto, este fim-de-semana dedicado ao escritor checo começa na quinta-feira anterior, dia 24 de outubro, às 18h00, com uma conversa sobre O meu Kafka. Como conheci Franz Kafka? Qual o primeiro livro que li? Foi no cinema ou no teatro que tive contacto com a sua obra? Este é o mote para a conversa que vai juntar André Lamas Leite, Carlos Magno e Renata Portas na Sala Novo Ático do Coliseu Porto Ageas. A moderação ficará a cargo de Gonçalo Vilas-Boas.
No dia seguinte, sexta-feira, às 15h00, dá-se início a um colóquio que fará a transposição do “universo kafkiano” para o teatro. Sentam-se, lado a lado, quatro encenadores que trabalharam obras adaptadas ao teatro para a partilha de desafios, estratégias e resultados. São eles Miguel Loureiro, João Garcia Miguel, Rui Queiroz de Matos e Carlos Pimenta, num encontro moderado por Nuno Bessa Moreira.
O colóquio chama-se Kafka à beira-rio e vai decorrer na Sala Nobre da Universidade Lusófona – Centro Universitário do Porto.
A entrada é livre em todos os eventos.
Sobre Franz Kafka
Nasceu em 1883, em Praga, no seio de uma família judaica de classe média. Doutorou-se em Direito em 1906. É considerado um dos escritores mais influentes do século XX embora, em vida, tenha publicado apenas sete livros e alguns textos em revistas. Entre estes livros destaca-se A Metamorfose, lançado em 1915.
Franz Kafka morreu em 1924, vitima de tuberculose. Deixou três romances inacabados e os direitos da sua obra para o amigo Max Brod, com instruções explícitas para que fosse destruída após a sua morte. Este pedido foi ignorado e Brod decidiu publicar os romances e a obra completa, nomeadamente O Processo (1925), O Castelo (1926) e América (1927), a que se seguiram volumes com contos, cartas e diários.