Instalações digitais, trabalhos para vídeo e televisão e composições geradas por Inteligência Artificial constituem o principal suporte de Matéria Viva, a exposição que recorre ao “pensamento ecológico” do poeta António Ramos Rosa. Para visitar de 17 de outubro a 15 de novembro, no Instituto Pernambuco – Porto.
“Lâmpadas com alguns insectos” foi um dos livros que serviu de inspiração, com foco em algumas palavras como “silêncio” , “nada” e “vazio”, mas no sentido de as questionar. Afinal, o que é silenciado ? Qual é o real efeito das lâmpadas junto dos insetos?
Há animais, plantas, pedras, corpos e sombras, há todo um universo telúrico passível de interpretações plásticas e sonoras na obra do poeta António Ramos Rosa (1924-2013), vencedor do Prémio Fernando Pessoa e um dos fundadores da revista de poesia Árvore.
Matéria Viva reúne trabalhos realizados por seis artistas intermédia e digitais a partir da obra de Ramos Rosa cujo centenário se comemora no dia da inauguração da exposição, a 17 de outubro.
Há uma leitura criativa para uma reescrita…
E para esta exposição, “o próprio ato de escrita” foi entendido como “prática de inscrição natural e matéria viva em si”, tal como acontece, por exemplo, com a biologia. Neste caso, é matéria suscetível de interpretação plástica e sonora. Seis artistas intermédia e digitais exploram e expandem, por caminhos diversos, a potencialidade da escrita, respondendo assim, a “um desafio de pesquisa e experimentação com novas possibilidades de construção de sentido”, dizem os curadores da exposição, Bruno Ministro e Patrícia Esteves Reina.
São obras que “oferecem ecos, diálogos e entrelaçamentos com essa poesia que lhes é anterior” e que se transforma “em nova matéria”. Também pretendem que se repense a ecologia e o mundo natural a partir do digital.
As obras desenvolvidas especificamente para este contexto são de autoria de Catarina Braga, d1g1t0 indivíduo_colectivo, Isabel Carvalho, João Castro Pinto, Rui Torres e Terhi Marttila.
A exposição surge no âmbito do projeto exploratório Ver a Árvore e a Floresta. Ler a Poesia de António Ramos Rosa à Distância, investigação financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, atualmente em curso no Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa da U.Porto. Neste contexto, as obras que integram a exposição são entendidas enquanto objetos de cruzamento entre a prática artística e a investigação.
Matéria Viva pode ser visitada até 15 de novembro, de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00. A entrada é livre.