Falamos de uma plataforma de apoio a pacientes de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e que pretende, segundo os seus criadores, “revolucionar todo o processo de reabilitação dos doentes, com fortes ferramentas de decisão clínica”. O projeto Braining, que foi finalista na 10.ª edição do iUP25k – concurso de ideias de negócio da Universidade do Porto, venceu recentemente a edição regional (Porto) e ficou em 2.º lugar na final nacional da competição Poliempreende, a maior rede nacional ligada ao empreendedorismo no ensino superior politécnico.
Conjugando Realidade Virtual (RV) e Inteligência Artificial (IA), a plataforma criada por João Ribeiro, antigo estudante da Faculdade de Engenharia (FEUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da U.Porto e atual investigador no i3S, e Nuno Almeida, estudantes da Escola Superior de Saúde do P.Porto, procura responder às necessidades dos pacientes, mas também do mercado. Para isso, oferece ambientes personalizados e imersivos que se ajustam, de forma dinâmica, às particularidades de cada utilizador. Desta forma, é possível não só acelerar o processo de recuperação como aumentar a sua eficácia global.
“A nossa implementação de tecnologias VR oferece uma abordagem única e envolvente, proporcionando uma gama diversificada de estímulos e mantendo o paciente engajado. A adaptação ao paciente é um marco nosso, pelo que validamos e acompanhamos a sua evolução”, refere Nuno Almeida, uma das mentes por trás da plataforma.
Atualmente incubado na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, o projeto deverá, em breve, dar origem a uma empresa. Por agora, os investigadores estão focados no desenvolvimento do modelo de IA, que já é “capaz de criar planos de reabilitação totalmente personalizados e ajustados aos dados clínicos de cada paciente”, conta Nuno Almeida.
Estabelecidas estão já algumas parcerias que permitem avançar “na área de investigação e dão acesso a ferramentas essenciais para o desenvolvimento, validação e disseminação do trabalho”. Apesar das vitórias no concurso Poliempreende, que garantiram um prémio monetário de cerca de 7 mil euros, a equipa continua à procura de financiamento para expandir o projeto.
Um futuro ambicioso
Apontando ao futuro, os criadores do “Braining” estão focados em desenvolver a aplicação e treinar o modelo de IA, bem como em preparar todo o campo de investigação à volta disso.
João Ribeiro e Nuno Almeida têm como objetivos a curto prazo participar na WebSummit, para “demonstrar o potencial do Braining em primeira mão” e, no início do próximo ano, avançar com validação do produto na clínica, preparando-o para o mercado, com perspetivas de internacionalizar a invenção o mais rapidamente possível. São também finalistas na competição Youth Entrepreneurship Award 2024, da Unicorn Factory Lisboa.
A ambição? “Ver o Braining crescer ao nível das maiores referências globais no setor da healthtech”, dizem os empreendedores, não escondendo o desejo de que o projeto se transforme numa marca reconhecida mundialmente, associada às palavras-chave inovação, tecnologia, impacto.
“Estamos entusiasmados em transformar o Braining num negócio de sucesso, prometendo salvar e poupar vidas. Ambicionamos não só revolucionar a reabilitação de pessoas que sofreram um AVC mas também estabelecer um novo standard de cuidados de saúde que utilize IA e RV para oferecer soluções personalizadas e acessíveis. Sonhamos com um futuro onde o Braining esteja presente em clínicas e hospitais de todo o mundo, ajudando milhões de pessoas a recuperar a sua qualidade de vida”, concluem.