A Real Academia Sueca de Ciências anunciou, esta quarta-feira, a atribuição do Prémio Nobel da Química 2024 aos cientistas norte-americanos David Baker e John M. Jumper e ao britânico Demis Hassabis, “pelo design computacional de proteínas” e “pela previsão da estrutura de proteínas”.

Em nota publicada no site oficial, a decisão é justificada pelo facto de “Demis Hassabis e John Jumper terem utilizado com sucesso a inteligência artificial para prever a estrutura de quase todas as proteínas conhecidas, e de David Baker ter aprendido a dominar os blocos de construção da vida e a criar proteínas inteiramente novas”. 

Mas há um dado curioso na sequência da atribuição do Prémio Nobel da Química: Hugo Penedones, antigo estudante de Engenharia Informática e Computação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), esteve envolvido na criação do algoritmo AlphaFold, desenvolvido na empresa DeepMind, no Reino Unido (entretanto, adquirida pela Google), de que Demis Hassabis foi um dos fundadores.

Hugo Penedones trabalhou na DeepMind de 2015 a 2019 e integrou o grupo inicial do projeto AlphaFold, que entretanto teve já vários avanços e versões. Da passagem e envolvimento do alumnus da FEUP resultou um artigo na revista Nature, em coautoria com os agora galardoados com o Prémio Nobel da Química, John M. Jumper e Demis Hassabis (entre outros).

“Embora as minhas contribuições tenham sido modestas, é muito gratificante ter estado envolvido no arranque de um projeto que acabou por ser reconhecido com um prémio Nobel. O AlphaFold foi talvez o primeiro grande sucesso da Inteligência Artificial numa ciência fundamental, mas antevejo que nos próximos anos surjam mais. Na Inductiva estamos a construir a plataforma de computação científica que poderá ser usada para gerar dados sintéticos na Física, Química, Biologia, etc, para treinar os “AlphaFold”s do futuro, mesmo para problemas onde não hajam dados experimentais”, avança o alumnus da Faculdade de Engenharia. 

Hugo Penedones é o atual CTO da Inductiva.AI, uma startup de Inteligência Artificial dedicada ao desenvolvimento de uma plataforma que permite a engenheiros, cientistas e empreendedores simularem, preverem, e optimizarem processos físicos de várias indústrias.

Em janeiro de 2024, foi-lhe atribuída a chancela spin-off da FEUP, altura em que conseguiu garantir 2,25 milhões de euros numa ronda de investimento.