Eva Lopes, investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR-UP) e estudante do Doutoramento em Ciência, Tecnologia e Gestão do Mar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), está a participar numa expedição científica a bordo do navio de investigação Mirai, do instituto Japan Agency Marine-Earth Science and Tecnology (JAMSTEC), com o objetivo de compreender os efeitos do aumento do fluxo de calor do Pacífico na diversidade e funções do plâncton do Ártico.

A missão da investigadora do CIIMAR nesta campanha é fazer recolha de amostras que permitam reduzir a lacuna de conhecimento sobre a o impacto do aquecimento global nas interações entre as comunidades de procariotas e protistas presentes nos oceanos, e cujos processos metabólicos são vitais para os ecossistemas marinhos. que se sabe é que o aquecimento global está a provocar mudanças no lado Pacífico do Oceano Ártico, resultando no rápido degelo e consequentes mudanças ecológicas.

Esta é a a segunda vez que Eva Lopes participa numa campanha de exploração do Oceano Ártico (a pri,eira foi em 2023), através dos projetos N-MicroARCTIC – O Microbioma do Azoto num Ártico em Mudança – e ARCTICEDGE – Decipher Climate Change Impacts on the Plankton Microbiome at the Transition from the Pacific and Arctic Oceans, financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pelo Programa Polar Português.

O trabalho a bordo

Tal como em 2023, a investigadora da equipa de Ecologia e Biogeoquímica dos Microbiomas do CIIMAR irá recolher amostras de água em duas profundidades: onde a clorofila atinge o seu valor máximo, e na profundidade máxima de cada estação.

Com recurso a estas amostras, suportadas por conhecimento de ambientes dinâmicos como o Estreito de Bering, Barrow Canyon e da Bacia Canadense, poderão ser analisados os efeitos do aumento do fluxo de calor do Pacífico na diversidade e funções do plâncton do Ártico, com foco especial no ciclo do azoto.

Segundo Eva Lopes, “este trabalho permitirá elucidar sobre a diversidade e funções do microplâncton, realçando o seu papel vital na estabilidade do Oceano Ártico em contexto de crises climáticas”,

Para além de ser um reforço ao seu trabalho doutoramento, este conjunto de amostras irá “aumentar o conhecimento da equipa sobre as alterações climáticas nas comunidades microbianas do Oceano Ártico”, explica a investigadora.

Uma nova escala de conhecimento para o CIIMAR

A equipa de Ecologia e Biogeoquímica dos Microbiomas do CIIMAR já é assídua na campanha anual de monitorização pelágica na região de Kongsfjorden, do lado Atlântico do Ártico, “com dados a uma escala temporal de 10 anos e resultados que estão a preencher lacunas críticas sobre o papel dos microbiomas na sustentação das mudanças dos regimes da produtividade, diversidade e recursos biológicos do Oceano Ártico”, como refere a investigadora Catarina Magalhães, líder da equipa.

O esforço na campanha a bordo do navio de investigação Mirai do instituto JAMSTEC permite aceder a uma área de conhecimento alargada, de ambos os lados do Oceano Ártico e a realização de experimentação a bordo. “Desta forma, pretendemos decifrar os impactos das mudanças climáticas no microbioma do plâncton e suas interações na transição entre os Oceanos Pacífico e Ártico” reforça Eva Lopes, referindo-se a um conjunto de dados que permitirão uma investigação mais abrangente da resposta do microplâncton do Ártico ao aquecimento global.

O projeto N-MicroArctic (Nitrogen Microbiome in the Changing Arctic) financiado pela FCT. O projeto ArcticEdge financiado é financiado pelo PROPOLAR- Decipher Climate Change Impacts on the Plankton Microbiome at the Transition from the Pacific and Arctic Oceans.