Os doentes terminais seguidos em casa por equipas comunitárias de cuidados paliativos têm um melhor controlo dos sintomas, menos sofrimento global e mais dignidade no final da vida. É o que indica um estudo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e recentemente publicado na revista Pharmaceutics.

Este trabalho avaliou a prescrição de medicação a 64 doentes, com 77 anos de idade em média, de elevada complexidade clínica seguidos pela Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos (ECSCP) de Vila Nova de Gaia.

Os investigadores concluíram que o ajuste diário da medicação feita em “SOS”, bem como o acerto das doses e das vias de administração, constitui “um fator significativo para garantir a segurança e a morte no domicílio”.

De acordo com Hugo Ribeiro, professor da FMUP que assina este estudo, o acompanhamento da equipa comunitária alcançou uma “maior adaptação terapêutica às necessidades e características individuais dos doentes”.

Centrando a sua intervenção no alívio dos sintomas, a equipa adaptou as vias de administração, tendo aumentado a via subcutânea em detrimento da via oral. Os opioides foram os medicamentos mais utilizados.

Nestes doentes, foi também possível reduzir ou mesmo retirar uma série de fármacos para doenças crónicas como fármacos para úlceras, refluxo gastroesofágico, hipertensão, dislipidemia ou diabetes.

Além de ter conseguido um “efetivo controlo de sintomas”, registou-se ainda “uma redução assinalável nos efeitos adversos” e uma “minimização do sofrimento global”.

“Este estudo confirma a importância de equipas especializadas em cuidados paliativos com acompanhamento no domicílio, particularmente na qualidade da adaptação da terapêutica farmacológica”, afirma o professor da FMUP, que é também médico da ECSCP.

A par de Hugo Ribeiro, participaram neste trabalho professores da FMUP, nomeadamente João Rocha-Neves, e da FMUC e também médicos da ECSCP.