São raízes e troncos, arbustos, vegetação rasteira, catos, aglomerados rochosos, geometrias vegetais, flores silvestres e um cubo cuja magia se percebe, ao aproximar o olhar. Tudo isto é paisagem. E tudo isto pertence ao levantamento fotográfico realizado por Duarte Belo e que, desde o passado dia 23 de agosto, se apresenta na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), na forma da exposição Terra Mineral – Terra Vegetal.

Dos granitos aos arenitos, dos calcários aos xistos, existe em território nacional uma impressionante variedade de rochas. Uma diversidade que, por sua vez, origina também paisagens muito diferenciadas. É que, se as rochas vão assumir formas muito diferentes, exatamente o mesmo poderemos afirmar das plantas, de diferentes espécies, que se vão implantar em processos de povoamento que transformam radicalmente os espaços que ocupam.

Pode até ser que a exposição nos remeta para uma espécie de condição planetária, mas o certo é que este é o nosso território. Ao percorrer com a câmara fotográfica lugares tão diversos como o alto vulcânico da montanha do Pico, nos Açores, ou os calcários do litoral da serra da Arrábida, não há como não reparar na estranheza de tudo isto.  Em, praticamente, todos os lugares há insinuações vegetais que conferem diferentes matizes aos cinzas, castanhos e ocres que dominam a paleta mineral.

A Terra Mineral – Terra Vegetal ficará patente na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do MHNC até 29 de setembro. (Foto: DR)

É tal a variedade apresentada nesta Terra Mineral – Terra Vegetal que poderemos, até, imaginar que aqui se representa “a Terra inteira”, em diálogo com uma espécie de mundo primitivo. Nas plantas, nas árvores, por exemplo, podemos observar uma arquitetura singular que liga o subsolo à atmosfera.

Nas superfícies rochosas, como um xisto negro com veios de quartzo podemos, com alguma imaginação, ler um mapa. Há um território ali representado, como se nesses desenhos abstratos estivessem os itinerários a seguir em busca do desconhecido, na permanente procura de um lugar novo, sempre com uma irredutível curiosidade.

Com entrada livre, a exposição Terra Mineral – Terra Vegetal pode ser visitada até 29 de setembro de 2024, de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (último acesso: 17h30). A entrada é livre.

Antes, a 9 de setembro, às 18h00, será realizada uma apresentação da exposição, seguida de uma visita orientada com a presença do autor. Esta sessão tem entrada livre, ainda que limitada à lotação do espaço.

Sobre Duarte Belo

Licenciado em Arquitetura, Duarte Belo nasceu em Lisboa em 1968. Em simultâneo com a atividade inicial, em Arquitetura, desenvolve projetos em Fotografia. Expõe individualmente desde 1989, tendo já participado em numerosas exposições individuais. Está representado em diversas coleções públicas e privadas, em Portugal e no estrangeiro e participa regularmente em seminários, congressos e mesas redondas.

Da obra publicada, pode destacar-se Orlando Ribeiro — Seguido de uma viagem breve à Serra da Estrela (1999); Ruy Belo — Coisas de Silêncio (2000); O Vento Sobre a Terra — apontamentos de viagens (2002); À Superfície do Tempo — Viagem à Amazónia (2002); Território em Espera (2005); Geografia do Caos (2005); Terras Templárias de Idanha (2006); Olívia e Joaquim – Doces de Santa Clara em Vila do Conde (2007); Fogo Frio – O Vulcão dos Capelinhos (2008); Comboios de Livros (2009); Desenha, produz e fotografa as ilustrações do conto O Príncipe-Urso Doce de Laranja (2009); ou Cidade do Mais Antigo Nome (2010).

Sobre o levantamento fotográfico da paisagem, são de destacar as obras Portugal — O Sabor da Terra (1997) e Portugal Património (2007-2008). Tem um arquivo fotográfico pessoal de mais de 900.000 fotografias.