Uma atitude resiliente e otimista para o futuro das Ciências Sociais e Humanas – foi a mensagem deixada por Gabi Lombardo, presidente da European Alliance for Social Sciences and Humanities (EASSH) na Conferência “Bridging Social Sciences and Humanities (SSH) research to science policy design: Focus on FP10”, que decorreu no passado 2 de setembro, no Anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).
Durante este evento organizado pela FLUP, com financiamento do Instituto de Filosofia (IF-UP) e do Instituto de Sociologia (IS-UP) da U.Porto, a especialista em política científica partilhou uma abordagem compreensiva do desenvolvimento da investigação em todos os níveis, desde o seu enquadramento europeu – com o papel crucial da EASSH –, até à voz ativa que cada membro da comunidade académica deve representar em defesa do seu campo de estudos.
Gabi Lombardo começou por introduzir a audiência ao trabalho que tem sido desenvolvido pela European Alliance for Social Sciences and Humanities enquanto organização defensora das Ciências Sociais e Humanas no sistema político da Europa. O organismo que junta mais de 70 membros institucionais, e do qual a FLUP faz parte, tem sido uma peça fundamental na representação dos interesses destas áreas de estudo nas novas políticas europeias dedicadas à Investigação e Desenvolvimento.
Sobre a desenvoltura do novo enquadramento político – FP10 – que irá entrar em vigor já em 2028, e suceder ao Horizonte Europa, Gabi Lombardo partilhou que o esforço da EASSH se tem focado em várias vertentes.
Reforçar a importância da investigação em Ciências Sociais e Humanas para a maior eficácia de futuras medidas políticas e conseguir trazer uma maior objetividade e impacto aos resultados do trabalho investigativo, ao apostar na adoção de métodos de Transnational Research e na adaptação de ferramentas como a big data, foram duas das prioridades elencadas pela especialista.
Defender as Ciências Sociais e Humanas em todas as direções
A Conferência serviu, simultaneamente, para apelar à comunidade académica da Universidade do Porto no sentido de motivar cada estudante, investigador e professor a adaptar uma atitude proativa na defesa do campo do seu estudo, promovendo a importância de investimento no mesmo, desde da dimensão institucional em que estão inseridos, até ao espetro da política nacional.
Estas serão, de acordo com Gabi Lombardo, as orientações adequadas para navegar um contexto global cada vez mais complexo, onde a necessidade de produção de conhecimento humano para o entendimento e progresso da sociedade começa a ceder terreno a outras prioridades, nomeadamente à necessidade de defesa. Nesse sentido, a especialista recordou ao público do Anfiteatro Nobre que “investir no estudo das pessoas será sempre investir na paz”, realçando um forte princípio de centricidade humana a reter.
A sessão ficou marcada por um ambiente dinâmico, onde vários membros da comunidade académica puderam partilhar as suas preocupações, práticas sobre o trabalho investigativo, beneficiando de aprendizagens inestimáveis proporcionadas pela Diretora da EASSH.
Ainda no âmbito do mesmo evento, o jornal Público entrevistou Gabi Lombardo sobre as movimentações do panorama investigativo a nível europeu, obtendo a sua perspetiva em maior detalhe dentro dos recentes desenvolvimentos políticos.