A investigadora Elisabete Teixeira, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi recentemente distinguida com uma bolsa que lhe permitirá apresentar o seu trabalho sobre o carcinoma não medular familiar da tiroide no 46.º Encontro Anual da Associação Europeia da Tiroide, a realizar em Atenas, Grécia, de 7 a 10 de setembro.
Para Elisabete Teixeira, que integra o grupo «Cancer Signalling & Metabolism» do i3S, liderado por Paula Soares, esta oportunidade de “partilhar os nossos resultados com uma audiência internacional especializada é inestimável. Além da honra de apresentar o projeto, a participação neste congresso permitirá à nossa equipa aprender com outros especialistas, trocar ideias e trazer novas perspetivas para o avanço desta investigação”. Este intercâmbio de conhecimentos, acrescenta, “poderá abrir novas portas no diagnóstico e tratamento do carcinoma da tiroide”.
Em comparação com outros tipos de cancro, explica a investigadora, o carcinoma da tiroide continua a ser “uma área de investigação relativamente negligenciada, o que resulta em lacunas significativas na estratificação de risco, prognóstico e definição de tratamentos clínicos personalizados para os pacientes”.
Um exemplo desta lacuna é o carcinoma não medular familiar da tiroide (CNMFT), uma doença ainda pouco compreendida, mas que tem merecido a atenção deste grupo do i3S, que já identificou e estudou famílias afetadas pela doença.
Uma das famílias em estudo, explica Elisabete Teixeira, apresenta seis indivíduos diagnosticados com carcinoma da tiroide em idade muito jovem (entre os 26 e 38 anos de idade). “Através de uma análise genética abrangente, com a aplicação da técnica de Whole-Exome Sequencing (WES), a nossa equipa identificou e descreveu uma mutação localizada num gene que codifica para um canal transportador de potássio, e que indica ter implicações na sua função. Este canal de potássio, pelo seu papel na célula, poderá representar um novo alvo terapêutico para o tratamento do carcinoma da tiroide”, descreve.
De acordo com a investigadora, “já foram desenvolvidos vários estudos in silico para avaliar o impacto desta alteração e a equipa está atualmente a realizar estudos in vitro, com o objetivo de analisar o efeito da mutação em linhas celulares de tiroide humana e de rato”.
O trabalho que Elisabete Teixeira vai apresentar na Conferência Anual da Associação Europeia da Tiroide tem como objetivos principais “facilitar o diagnóstico precoce de indivíduos afetados, promover a medicina personalizada – essencial para reduzir a incidência de casos avançados da doença, tratamentos agressivos, comorbidades e a necessidade de cirurgias invasivas – e aliviar a carga económica sobre o Sistema Nacional de Saúde”.