Como pode a fotografia artística ajudar-nos a refletir sobre o que vemos e sentimos? Fotografia como prática artística é o título da exposição que, até 21 de setembro, vai “pintar” as paredes do auditório da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto. A entrada é livre.
Que significados podemos encontrar nas imagens que nos rodeiam? Este foi um dos desafios que levou os estudantes da U.Porto à descoberta. Fotografia como prática artística apresenta obras de estudantes que participaram na residência com o mesmo nome, promovida pela Unidade de Cultura da Reitoria da U.Porto e conduzida por Rui Manuel Vieira. O objetivo foi o de enriquecer o diálogo e conhecimento dos estudantes sobre a prática da fotografia artística e a respetiva potencialidade enquanto “ferramenta de captura do real”.
Para Violeta Moreira Mendes, estudante da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCEUP), “a prática da fotografia” permite um exercício “de abstração quase impossível de encontrar no quotidiano (…). O momento de foco em que escolhemos atentamente o plano, a luz”, assim como “a mensagem por detrás” obrigam a uma “desaceleração do ritmo que todos inevitavelmente adotamos na sociedade em que vivemos”.
A estudante de 19 anos considera “este abrandar” cada vez “mais urgente num contexto social em que o tempo nos escorre pelas mãos e fica entregue a atividades pouco planeadas e que não nos acrescentam (devido a redes sociais, constante contacto com o mundo de trabalho via telemóvel, etc.)”. Motivos pelos quais este grupo constituiu uma “dose semanal de observação intencional e crítica dos comportamentos mais mundanos que nos rodeiam”
“Foi um percurso desafiador e enriquecedor que me proporcionou uma visão analítica e estruturada do mundo”, diz, por sua vez, Alexandra Rocha, que acaba de finalizar o primeiro ano da licenciatura em Design da Faculdade de Belas Artes (FBAUP). Desenvolver “a forma de pensar e olhar para o mundo”, através da fotografia, foi um dos objetivos que levou a estudante de 18 anos a participar na residência artística.
“Empenhado em valorizar a essência e substância de cada fotografia antes sequer de colocar o dedo no gatilho”, Marcelo Carreira, de 23 anos, aproveitou este desafio para “combater a trivialização da fotografia causada pela crescente acessibilidade generalizada a meios fotográficos”. Estudante de Licenciatura em Física da Faculdade de Ciências (FCUP), dedicou-se a “observar com outros olhos o meio que o rodeia e procurar capturar instantes onde as emoções acontecem.”
Desenvolvida durante um ano, a residência artística percorreu diversos espaços da U.Porto. Foi coordenada por Rui Manuel Vieira, antigo estudante da FBAUP que tem desenvolvido trabalho fotográfico sobre os temas tempo e memória. Membro do colectivo Haarvöl, foi ainda bolseiro da FCT no projeto Ruptura Silenciosa e, mais recentemente, docente na Escola das Artes UCP no curso de Som e Imagem e Cinema.