O que levou à criação da mais modernista cidade brasileira? A resposta está em Brasília – Da utopia à Capital, título da exposição que estará patente no Instituto Pernambuco – Porto de 1 de agosto a 27 de outubro.
São cerca de 300 obras e documentos que testemunham o surgimento e a materialização de ideias. Entre eles incluem-se maquetes de edifícios icónicos projetados por Oscar Niemeyer; desenhos e maquete fotográfica do plano urbanístico de Lucio Costa; esculturas de Maria Martins, de Bruno Giorgi e de Alfredo Ceschiatti; e fotografias de Marcel Gautherot, Peter Scheier, Jean Manzon e Mario Fontenelle. Entre maquetes, desenhos, esculturas e fotografias assistimos à criação de uma cidade e conhecemos os seus principais protagonistas. Como se ergueu esta cidade – síntese do pensamento modernista brasileiro?
O Planalto Central, no cerrado brasileiro, transformou-se num verdadeiro canteiro de obras de proporções épicas, com espaços de alojamento precários, sendo um deles a Cidade Livre, que chegou a abrigar mais de 30 mil trabalhadores durante a construção. Os trabalhadores, chamados “candangos”, aprenderam no local a técnica do concreto aparente, elemento marcante do Modernismo brasileiro.
Se o projeto urbanístico, Plano Piloto, tem assinatura do professor, arquiteto e urbanista Lucio Costa, a visão de harmonia que trespassa o mar de linhas curvas deve-se ao trabalho do histórico arquiteto Oscar Niemeyer.
Nas maquetes, podem ver-se os arcos que sustentam o Palácio do Itamaraty e os pilares do Palácio da Alvorada, inspirados nas redes de casas de fazenda do período colonial, mas não só. Está aqui representada a obra de muitos dos artistas que foram convocados para a construção esta cidade com características de museu a céu aberto.
Brasília comissionou obras a: Athos Bulcão, autor das fachadas do Teatro Nacional e os painéis de azulejos no Congresso Nacional e na Igrejinha; Marianne Peretti, autora dos vitrais da Catedral Metropolitana; Alfredo Ceschiatti, escultor dos anjos da Catedral; Roberto Burle Marx, artista criador de projetos paisagísticos dos principais espaços públicos da capital, como o Parque da Cidade, o Palácio do Itamaraty, as praças e eixos do plano piloto, entre outros.
Depois de um período de construção que durou três anos e 10 meses, a nova capital brasileira foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960.
Com curadoria de Danielle Athayde, Brasília – Da utopia à Capital apresenta obras provenientes de coleções brasileiras públicas e privadas e já circulou por várias capitais como Paris, Berlim, Moscovo, Londres e Roma. A mostra integra as comemorações do aniversário dos 64 anos da cidade, assinalado, precisamente, a 21 de abril de 2024.
A exposição será complementada com um ciclo de cinema – intitulado Brasília Viva -, a decorrer no Instituto Pernambuco-Porto de 1 a 4 de agosto, sempre às 19h30. Os temas a abordar incluem a história da cidade, a respetiva diversidade cultural e os principais desafios urbanos e sociais que enfrenta.
Este ciclo, de entrada livre, pretende proporcionar uma visão mais abrangente e multifacetada da cidade de Brasília para o público em geral. Todos os filmes foram produzidos ou rodados na capital do Brasil, que é, atualmente, um importante polo de produção audiovisual do país. O ciclo tem curadoria do realizador e produtor de cinema Ronaldo Duque.
A inauguração de Brasília – Da utopia à Capital está marcada para as 18h30 do dia 31 de julho. Depois deste momento, a exposição abrirá as portas ao público de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 18h00. A entrada é livre.