A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) é um dos parceiros do projeto RETIME (Urban Adaptation and Alert Solutions for a TIMEly (re)Action), que vai desenvolver estratégias inovadoras para tornar as cidades mais resilientes a fenómenos climatéricos extremos.
O consórcio, que resultou de uma candidatura ao programa Horizon Europe, arrecadou um financiamento global de cerca de cinco milhões de euros, juntando 18 entidades de oito países (Portugal, Espanha, Itália, Eslováquia, Dinamarca, Alemanha, Luxemburgo e Estónia) como universidades, centros de investigação, PMEs, organizações sem fins lucrativos e autoridades públicas.
Coordenado pelo ISCTE Conhecimento e Inovação, um Centro de Valorização e Transferência de Tecnologias, o projeto repensa as estratégias de adaptação urbana e compromete-se a testar soluções em três áreas-piloto para antecipar e reagir a fenómenos extremos, como tempestades severas, inundações repentinas, incêndios e ondas de calor e frio.
Ao integrar metodologias participativas com uma abordagem orientada para os dados, o RETIME vai caracterizar grupos vulneráveis e pontos críticos, reforçar a resiliência dos edifícios e apresentar planos de adaptação específicos para cada contexto, aumentando igualmente a sensibilização do público para as catástrofes naturais e induzidas pelo homem e os seus impactos.
“O RETIME destina-se a habitantes vulneráveis, governos locais, planeadores urbanos, proprietários de edifícios e outras partes interessadas nas questões urbanas envolvidas na resiliência e mitigação dos efeitos de fenómenos extremos. O objetivo é realmente beneficiar as populações urbanas, com especial atenção para os diversos grupos vulneráveis que são mais suscetíveis aos impactos de eventos relacionados com o clima”, avança Pedro Pereira, investigador no Instituto de I&D em Estruturas e Construção (CONSTRUCT) e responsável pelo projeto na FEUP.
Uma ferramenta para “prever” o futuro
Para chegar a soluções, a equipa de investigação vai introduzir uma ferramenta baseada em dados de estações meteorológicas, redes de sensores e imagens de satélite combinados com levantamentos automatizados no local, que integram modelos 3D e simulam os impactos de fenómenos atuais e projeções futuras.
As quatro ferramentas digitais de redução de riscos em áreas urbanas vão ser concebidas e testadas em três zonas-piloto – Lisboa (Portugal), Žilina (Eslováquia) e Tartu (Estónia) e passam por um sistema automatizado de tecnologias de informação de alerta baseado em sensores, um Digital Building Twin, um Decentralised-Ledger Building Renovation Passport e uma plataforma de apoio à decisão Resilience Knowledge Hub.
O projeto RETIME, a decorrer até meados de abril de 2028, pretende expandir o alcance das soluções de inovação e resiliência nas cidades ao fornecer orientações para a sua expansão e adaptação a outras áreas urbanas europeias.