A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) acolhe, a partir desta segunda-feira, a TASC8/KASC15, a mais importante conferência internacional na área da asterossismologia, que este ano é organizada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).

Durante cinco dias – 15 a 19 de julho -, esta conferência internacional “trará à cidade do Porto 200 peritos mundiais em astrofísica estelar, servindo de plataforma para a revisão e debate dos últimos avanços científicos na área da asterossismologia, ou o estudo das pulsações estelares”, explica Tiago Campante, líder da equipa “Rumo a um estudo abrangente de estrelas” do IA e docente convidado no Departamento de Física e Astronomia (DFA) da FCUP.

Na semana seguinte, os trabalhos prosseguem na Porto Summer School on Asteroseismology (PSSA) 2024, uma escola doutoral internacional sobre a mesma temática.

Neste evento, cerca de 50 alunos estarão reunidos em Vila do Conde, juntamente com 13 docentes convidados de cinco países diferentes, para abordar tópicos na vanguarda da investigação em astrofísica estelar, especialmente em asterossismologia.

“Estamos felizes por constatar que recebemos candidaturas de 23 países, de todos os continentes, com 38% de jovens mulheres investigadoras, uma percentagem bem acima da média mundial de 23% na representatividade em astrofísica”, comenta Ângela Santos, investigadora do IA e membro da comissão científica da escola.

A PSSA oferece aos participantes uma oportunidade única para contactar com alguns dos maiores peritos na área e com pares do mundo inteiro, trocar boas práticas e estabelecer colaborações, para lá da sua área de investigação principal.

Tiago Campante acrescenta ainda que “a organização de ambos os eventos, a cargo de investigadores do IA, é o reflexo da sua liderança internacional na área e, por conseguinte, da do IA”.

Cartaz da conferência

Asterossismologia: uma viagem ao interior das estrelas

A asterossismologia é o estudo do interior das estrelas, através da sua atividade sísmica medida à superfície. Em sismologia, os diferentes modos de vibração de um tremor de Terra podem ser usados para estudar o interior da Terra, de forma a obter dados acerca da composição e profundidade das diversas camadas. De uma forma semelhante, as oscilações observadas à superfície de uma estrela também podem ser usadas para inferir dados sobre a estrutura interna e composição da estrela.

Os consórcios TASC (TESS Asteroseismic Science Consortium) e KASC (Kepler Asteroseismic Science Consortium) são duas colaborações científicas internacionais, que se formaram à volta das atividades de asterossismologia das missões espaciais TESS e Kepler, da NASA. Desde que a missão Kepler foi lançada, em 2009, que o consórcio KASC realiza anualmente esta conferência, com o TASC a juntar-se 7 anos depois, por altura do lançamento da missão TESS.

A asterossismologia desempenha um papel central na avaliação definitiva do estado evolutivo das estrelas do tipo solar e gigantes vermelhas em particular, mas também de estrelas das mais variadas massas e estados evolutivos, avaliação que dificilmente poderia ser feita com recurso a técnicas tradicionais.

Ao longo das duas últimas décadas, esta técnica teve um impacto significativo no estudo de estrelas do tipo solar e gigantes vermelhas. Inicialmente estes estudos foram possíveis graças a missões espaciais como a CoRoT (CNES/ESA) e a Kepler (NASA). O satélite TESS, e em breve a missão espacial PLATO (ESA), com lançamento previsto para 2026, nas quais o IA conta com um forte envolvimento a nível da coordenação científica, continuarão a sustentar estudos desta natureza.