Arrancamos a semana com a poesia de Mia Couto, a várias vozes, e depois atravessamos o país de norte a sul, mas sem precisar de sair do lugar. Vamos ainda até a Cordilheira dos Andes para acabar entre saltos e giros, em pontas, num equilíbrio de tutus. Será assim o “percurso” da terceira semana da edição deste ano das Noites no Pátio do Museu. Sempre às 21h30 e com entrada gratuita, no pátio do Polo Central (à Reitoria) do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP).

A abrir o programa, Mia Couto é o poeta que, dia 16 de julho, une o coletivo a várias vozes. “Sou julho, / estou explicado só pelo sol / Meu erro / é procurar um território / apto a nascer / A única geografia / que me aceita é a poesia.” Assim nos diz de si este poeta e escritor nascido em Moçambique, no seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho.

Galardoado com o Prémio Camões em 2013, Mia Couto foi estudante de Medicina e jornalista, optando depois pela área da Biologia e pela escrita. Juntamente com João Cabral de Melo Neto, integra a restrita lista de autores de língua portuguesa que receberam o Neustadt International Prize for Literature, o “Nobel Americano” já atribuído a Czeslaw Milosz e Gabriel Garcia Marquez.

Dia 17 de julho, vestimos um casaco de burel e subimos em direção a norte. Vamos até uma aldeia no interior de Portugal, no nordeste transmontano, onde um grupo de rapazes vence o tempo através da magia da festa de inverno. Uma festa com raízes ancestrais, bem anteriores ao cristianismo. Cenários como o da imigração são incontornáveis, neste documentário de Rui Pedro Lamy, mas também de amizade e sentimento de comunidade. O grito da raposa na noite fria é o filme que traz ao pátio do MHNC-UP o CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela.

Para o dia 18 de julho, a proposta passa por trocar o casaco por uma samarra de burel e seguir rumo ao sul, ao encontro d’ O Alentejano e os Compadres. Deste quinteto instrumental fazem parte Francisco Cordeiro no saxofone, Manuel Bravo na bateria, Serafim Espírito Santo no baixo, Manuel Guimarães nas teclas e Guilherme Carmelo na guitarra.

O Alentejano e os Compadres atuam na Noite de 18 de julho. (Foto: DR)

Na sexta-feira, dia 19, assistimos a mais uma proposta do ciclo de cinema peruano. Peso Gallo (2022), de Hans Matos Camac, é uma obra que convida a conhecer os desafio da vida de Enrique, um pugilista adolescente que mora em Huancayo, uma cidade montanhosa, localizada na Cordilheira dos Andes, parte central do Peru.

Constituído por bailarinos provenientes de quatro continentes, o Ballet do Douro preparou, para as noites de sábado e domingo, dias 19 e 20 de julho, um programa com propostas que vão do repertório clássico ao contemporâneo.

Vamos assistir a excertos de clássicos como o Quebra-Nozes, Paquita, Diane & Acteon e Le Corsaire, assim como de criadores contemporâneos, como Filipe Portugal (criação em estreia absoluta) e Sílvia Boga (Terra e The Conference), passando pela criação neoclássica Tchaikovsky Themes, de tributo ao génio russo.

Uma versatilidade de linguagens patente também no corpo artístico que colabora com artistas e criadores estrangeiros (Claude Brumachon, Benjamin Lamarche, Lisa Gerrard, Jules Maxwell, etc.), procurando apresentar em território nacional artistas pouco divulgados entre nós e projetar além-fronteiras trabalhos desenvolvidos em território nacional.

Uma iniciativa conjunta da Casa Comum e do MHNC-UP, as Noites no Pátio do Museu continuam durante todo o mês de julho (ver programa completo). A entrada é gratuita e faz-se pelo Jardim da Cordoaria.